Sacerdotes católicos e pastores evangélicos realizaram ontem uma oração conjunta “para que a paz volte” a Ciudad Juárez, após a mais cinco pessoas terem morrido no último domingo, vítimas da violência.
O vigário-geral da diocese católica, René Blanco Vega, explicou que o encontro com representantes da Igreja Evangélica se concretizou “frente à violência tão elevada” na cidade, localizada na fronteira do México com os Estados Unidos e considerada a mais violenta do mundo.
O religioso também ressaltou que, desde 2008, como consequência do combate ao narcotráfico, ao menos 4.500 pessoas foram vítimas de assassinatos “e de outros crimes de forte impacto que antes não eram vistos aqui, como sequestros e extorsões”.
De acordo com o ex-chefe da agência norte-americana antidrogas (DEA) Phil Jordan, após a implantação do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês), em janeiro de 1994, “a quantidade de entorpecentes traficada do México aos Estados Unidos disparou”.
“Nunca na minha vida pensei que, depois de 40 anos lutando contra esse vício, as coisas estariam piores do que antes”, indicou Jordan, que também lembrou que, em 1993, “já havia documentos nos quais os narcotraficantes de Colômbia e México esperavam que o Nafta entrasse em vigor, pois lhes daria mais poder para traficar as drogas”.
Segundo o ex-chefe da DEA, “está documentado que nos tempos do colombiano Pablo Escobar e do mexicano Amado Carrillo, os narcotraficantes se falavam por telefone, ansiosos pelo Nafta”.
Desde 2006, o presidente do México, Felipe Calderón, desenvolve uma estratégia de caráter militar para combater os cartéis que controlam o tráfico de drogas no país. Desde o último mês, após 16 jovens terem sido assassinados em uma festa, Ciudad Juárez também tem sido cenário de protestos contra o mandatário e suas políticas de segurança.
Segundo organizações não-governamentais, 25% das residências da localidade estão vazias e cerca de 100 mil pessoas teriam se mudado para os Estados Unidos.
Fonte: Ansa