A decisão do Ministério da Saúde chileno de fornecer anticoncepcionais tradicionais e de emergência a menores de idade, a partir dos 14 anos, em consultórios, sem a necessidade do consentimento dos pais, levantou uma forte polêmica no país, unificando a Igreja Católica e setores evangélicos contra a medida.
O arcebispo de Santiago, cardeal Francisco Javier Errázuriz, qualificou a proposta como “um golpe ao matrimônio, um golpe à natalidade, um golpe à família”. O anúncio da medida foi apresentado, no sábado, pela ministra da Saúde, Soledad Barría, durante o V Congresso Chileno de Obstetrícia e Ginecologia Infantil e da Adolescência. A medida integra o programa das políticas em saúde e fertilidade que o governo implantará.
A posição do governo defende a tese de que a entrega dos anticoncepcionais a menores de idade procura “estabelecer um guia para as pessoas que querem levar uma sexualidade responsável”.
As posturas contrárias à distribuição dos anticoncepcionais a menores, especialmente a pílula “do dia seguinte”, gera dúvidas e rejeições em setores conservadores da política e da religião.
O bispo diocesano, Bernardo Bastres, uniu sua voz de alerta e indignação à do presidente da Confraternidade de Pastores Evangélicos, Flavio Hernández. Ambos entendem que a entrega de anticoncepcionais a menores de idade afetará os valores das gerações futuras, além de incrementar a irresponsabilidade da paternidade. São as mães e os pais quem devem fazer conhecer sua postura ante a iniciativa que atenta contra a vida e a família, esclareceram.
O pastor Fernandez utilizou a Bíblia para demonstrar sua preocupação frente à decadência ética deste tempo e assegurou que esse problema é parte da origem humana.
“O homem não pode tirar Deus de sua vida, porque daí vem a decadência moral da humanidade. O homem sem Deus deixa de perceber os valores e os princípios. Isso produz o que estamos vendo hoje em dia. E com este panorama o governo deve tornar-se responsável frente às decisões que toma, porque vão ter efeito na sociedade, e no futuro eles vão ter que responder ao país e, sobretudo a Deus, pelas conseqüências que isso vai trazer aos nossos filhos”, anotou.
A pílula do dia seguinte foi difamada por vastos setores da sociedade em quase todos os países onde é vendida livremente, embora a Organização Mundial da Saúde tenha assegurado que seu efeito não é abortivo. Em vários países da América Latina a pílula é vendida em farmácias mediante receita médica. Nos Estados Unidos, há poucas semanas, a pílula começou a ser vendida sem receita a maiores de 18 anos.
Fonte: ALC