A menos de 20 dias para o Carnaval, a Unidos de Vila Maria está com quase tudo pronto para cruzar o sambódromo do Anhembi com um desfile em homenagem a Nossa Senhora Aparecida. A agremiação tem a bênção da Igreja Católica, [img align=left width=300]https://conteudo.imguol.com.br/c/carnaval/2017/e0/2017/02/06/4fev2017—grupo-terco-publico-na-se-e-contra-o-apoio-da-igreja-catolica-ao-desfile-da-unidos-de-vila-maria-que-homenageara-nossa-senhora-aparecida-1486397509058_v2_300x400.jpg[/img]que acompanhou o desenvolvimento do enredo, pediu alguns ajustes “para respeitar a fé das pessoas” e deu apoio na pesquisa histórica. O aval da igreja, no entanto, desagrada alguns grupos de fiéis, que organizam protestos para tentar impedir que a imagem da santa seja usada no desfile, o que consideram uma profanação.
No último sábado (4), o grupo Terço Público na Sé — que se reúne todo primeiro sábado do mês em frente à Catedral — fez um ato de desagravo contra o que consideram uma desonra à padroeira do Brasil. A presença da imagem da santa no desfile foi autorizada pelos cardeais Dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, e Dom Raymundo Damasceno, que deixou a arquidiocese de Aparecida no dia 13 de janeiro. Este foi o segundo ato contra o desfile da Vila Maria.
“Estamos em defesa da igreja e da Virgem Maria. Podemos fazer um ato de reprimenda a qualquer autoridade, quando a Sé está em perigo e permite uma profanação como essa”, diz a assistente administrativa, Andrea Fiorentino Costa, que lidera o grupo. Ela é irmã da apresentadora Isabella Fiorentino, que, embora já tenha participado de ações do Terço Público, não participa do ato contra o desfile de Carnaval.
Em maio do ano passado, Andrea começou um abaixo-assinado on-line entre amigos e conseguiu recolher 2.038 assinaturas para a causa. “Eu não queira divulgar isso, dar projeção, mas agora percebi que precisava me manifestar. É uma forma de mostrar amor à igreja, a Jesus e à Virgem Maria”, explica.
Após uma missa, Andrea Fiorentino chegou a procurar Dom Odilo para conversar. E teria ouvido do arcebispo que o Carnaval era também um modo de evangelizar. “Como evangelizar no meio de pessoas seminuas? Eu propus a ele ir para a porta do sambódromo, fazer um altar para Nossa Senhora e ficar lá de joelhos. Isso é evangelizar”, enfatiza.
O Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, com sede no bairro de Higienópolis, também faz campanha contra a homenagem à padroeira no Anhembi, a qual considera uma blasfêmia. Na internet, um abaixo-assinado já tem mais de 6 mil apoiadores. “Ao contrário de uma homenagem, colocar em um desfile de Carnaval os símbolos católicos, juntamente com os símbolos mais flagrantes de imoralidade e neopaganismo, constitui em grave ofensa à Nossa Rainha e Padroeira”, contém o trecho da carta endereçada a Dom Raymundo Damasceno.
[b]Reclamação aos bispos[/b]
[img align=left width=500]https://conteudo.imguol.com.br/c/carnaval/2017/75/2017/02/06/carta-enviada-pela-congregacao-mariana-de-vitoria-no-espirito-santo-a-302-bispos-no-brasil-pedindo-que-a-igreja-catolica-reconsidere-o-apoio-ao-desfile-da-unidos-de-vila-maria-em-homenagem-a-1486400059687_v2_300x400.jpg[/img]O enredo da Vila Maria está incomodando devotos, inclusive, em outros estados. A Congregação Mariana, de Vitória, no Espírito Santo, enviou, no dia 19 de janeiro, cartas para 302 bispos no Brasil na esperança de que ao menos um deles se levante contra o uso da imagem no desfile.
“O Carnaval é uma festa mundana, onde reina a impureza, como pode a Mãe Deus – a rainha da pureza – estar no meio disso? É uma ofensa à fé católica. Isso só é possível num mundo louco como o de hoje”, critica Carlos Henrique Delazari, de Vitória (ES), presidente da Congregação Mariana, associação de católicos que têm a vida consagrada à Virgem Maria.
Para Carlos Henrique, o fato de a Vila Maria evitar nudez e cumprir outras regras estipuladas pela igreja — como não fazer sincretismo religioso — não minimiza o sacrilégio. “Vão passar outras escolas, antes e depois, com vários temas e nudez. E Nossa Senhora será apenas uma mais. Vou lutar contra isso de todas as formas.”
Apesar da disposição, Delazari afirma que não vai entrar na Justiça comum para impedir o desfile. “A escola tem o aval a igreja, então que alguma autoridade da igreja se levante contra Dom Odilo”, completa. Ele atribuiu o apoio da igreja à escola de samba à “perda da fé católica”.
O presidente da Congregação Mariana capixaba também critica o padre Reginaldo Manzotti por participar neste fim de semana de várias atividades na escolas Unidos de Vila Maria, inclusive ensaio técnico no sambódromo. “Ele perdeu a fé. Não existe evangelização num lugar desses. São as pessoas que precisam se moldar a Deus, não Deus às pessoas”, diz.
Por enquanto, nenhum bispo respondeu ao pedido da Congregação Mariana. “Não queremos que saia a imagem. Nossa Senhora não é do Carnaval. Se sair será uma desgraça, e teremos que fazer muitos atos de reparação à Mãe de Deus. E o que ofende a Mãe de Deus também ofende a Ele”, diz Delazari.
[b]Outro lado[/b]
Em nota, a Arquidiocese de São Paulo informou que segue com tranquilidade e prudência, acompanhando os trabalhos da Unidos de Vila Maria de preparação para o desfile que vai homenagear Nossa Senhora Aparecida no Carnaval de São Paulo deste ano. “Reiteramos que a Igreja Católica não ‘autorizou’ o uso da imagem de Nossa Senhora no Carnaval, mas que está próxima da escola para garantir que não sejam desrespeitados o sentimento religioso e as devoções dos fiéis.”
[b]Fonte: UOL[/b]