Ontem, dia 1º de julho, a China celebrou 100 anos do Partido Comunista Chinês. Tanques passaram pela avenida Changan Lu — também conhecida como Avenida da Paz Eterna — em Pequim para comemorar a data. Filmes sobre a pátria foram exibidos na televisão, houve transmissões públicas sobre heróis nacionais, competições de escrita nas escolas e a concessão de medalhas a membros de destaque do Partido.
O Partido Comunista Chinês gerou grandes mudanças para o país desde que assumiu o poder há 100 anos. A China agora ostenta a segunda maior economia do mundo, integra as Nações Unidas e conta com um exército poderoso. Este ano, o presidente Xi Jinping anunciou que, depois de muitos anos, a pobreza foi erradicada para centenas de milhões de chineses que viviam com menos de US$ 1,70 por dia.
Como o Partido Comunista Chinês começou?
Em 1912, a Dinastia Qing foi derrubada, terminando quase seis mil anos de governo dos imperadores chineses. O vazio foi preenchido pelo governo nacionalista Kuomintang (KMT). Mas em julho de 1921, um grupo de jovens cativados pelos ideais comunistas de Marx e Lenin estabeleceu o Partido Comunista Chinês em Xangai. A guerra civil com o exército KMT foi iniciada e se seguiu, durante a qual Mao Tsé-Tung estabeleceu-se como um comandante militar e mais tarde como presidente do Partido Comunista. Depois de derrotar o KMT, Mao estabeleceu a República Popular da China em 1 de outubro de 1949.
O que era a Família de Jesus?
Em 1921, também foi fundada a Família de Jesus, uma comunidade de cristãos que compartilhavam todos os bens e viviam juntos na província de Shandong. Durante a guerra civil, quando a comida era escassa, a comunidade Shandong doou 90% de seus produtos e sobreviveu com apenas 10%. Eles estavam praticando alguns dos ideais igualitários pregados pelos comunistas, mas de uma forma muito melhor. Em 1949, havia mais de 20 mil membros da Família de Jesus em toda a China.
Inicialmente, a Família de Jesus ganhou a admiração de muitos comunistas. Alguns até sugerem que a Família de Jesus influenciou o pensamento do Partido Comunista. Mas em 1952, o Partido não podia mais tolerar o ensino e a relutância do grupo religioso em ficar sob o controle do Partido. Então, em 1953, o fundador da Família de Jesus, Jing Dianying, foi preso e todas as comunidades da Família de Jesus foram dissolvidas. Hoje, apesar de décadas de perseguição, dezenas de milhares de cristãos na China remontam à Família de Jesus.
Como é a perseguição aos cristãos na China?
No final de 1950, a China começou a expulsar missionários estrangeiros. A Missão para o Interior da China chamou de volta mais de 600 de seus obreiros. Em 1954, foi criado o Movimento Patriótico das Três Autonomias para registrar e regular todas as igrejas e atividades cristãs. As igrejas que não se registraram, resistindo ao controle do Estado, passaram a ser subterrâneas para evitar perseguição.
A igreja sobreviveu a condições horríveis com medo e suspeita constantes. Para evitar o monitoramento, algumas igrejas se reuniam de madrugada. Alguns oravam e jejuavam por 10, 20 ou 30 dias sem cessar. Os cristãos passavam horas adorando e estavam prontos para fugir pelas janelas e portas dos fundos, ou se esconder nos campos se a polícia chegasse para procurá-los.
Em 1955, o pastor cristão mais famoso da China, Wang Mingdao, foi preso por causa da fé. Ele tinha fortes opiniões sobre a separação da igreja e do Estado e estava determinado a pregar e preservar a palavra de Deus como o único padrão de crescimento espiritual e salvação. Wang ficou preso por 25 anos até ser solto em 1980. Enquanto ele estava na prisão, o pastor Wang levou 96 presos ao Senhor. A fé de Wang Mingdao permaneceu forte durante a prisão. Quando voltou para casa em Xangai, ele continuou a pregar todas as semanas até morrer, aos 91 anos.
No final da década de 1960, a China fechou as portas para o mundo exterior enquanto a Revolução Cultural de Mao devastava o país. Estima-se que 30 milhões de pessoas morreram de fome por políticas econômicas desastrosas, e muitos cristãos e líderes cristãos foram presos ou mortos. Nessa época, estima-se que a igreja chinesa cresceu para cerca de um milhão de seguidores de Jesus.
Quando começou o trabalho da Portas Abertas na China?
A porta para a China se abriu apenas em 1965, quando o governo emitiu um convite para que os ocidentais selecionados visitassem a China para testemunhar o “milagre” socialista que ocorria no país. O Irmão André, fundador da Portas Abertas, então com 37 anos, solicitou um visto e, contra todas as probabilidades, foi aceito para participar. Mais uma vez, o Irmão André mostrou que “todas as portas estão abertas para compartilhar o evangelho”, como ele mesmo afirmava.
Em 1975, a Portas Abertas recebeu a notícia de que, apesar da perseguição, o número de cristãos tinha crescido para algo entre 10 e 15 milhões. O problema era que eles não tinham Bíblias. Então, a Portas Abertas começou o trabalho de contrabando de Bíblias para a China usando mensageiros que carregavam Bíblias escondidas em sacos ou amarradas ao corpo.
No dia 18 de junho de 1981, a Portas Abertas entregou um milhão de Bíblias em uma praia no Sul da China. A ação ficou conhecida como Projeto Pérola; as Bíblias foram distribuídas por todo o país, e se tornaram a “semente” para um crescimento incrível da igreja cristã. Nos 30 anos seguintes, mensageiros levaram milhares e milhares de Bíblias em chinês para a China vindas de muitos países ao redor do mundo.
Em 1989, a Portas Abertas ouviu novamente o clamor dos cristãos chineses para ajudá-los a entender a Bíblia — em muitas áreas, apenas o pastor tinha uma cópia da Bíblia e pouco ou nenhum treinamento teológico. Então, a Missão começou a treinar pastores e a construir amizades fortes e solidárias com muitas redes de igrejas. Mesmo diante da perseguição que os seguidores de Jesus na China enfrentavam, houve um aumento no número de cristãos do país.
Como foi o crescimento da igreja chinesa?
Quando Xi Jinping assumiu a presidência em 2012, estima-se que o número de cristãos chineses havia aumentado para mais de 90 milhões, aproximadamente o mesmo número que os membros do Partido Comunista. Desde então, o presidente Jinping está determinado a fazer o cristianismo se comportar como o comunismo. A repressão às igrejas, pastores e jovens cristãos faz com que muitos acreditem que estamos voltando aos dias sombrios da Revolução Cultural.
A perseguição violenta do passado foi substituída pelo monitoramento das igrejas usando tecnologia sofisticada de vigilância e uma estratégia para acabar com prédios e edifícios das igrejas e com as plataformas digitais. Os cristãos chineses estão aprendendo novamente a se adaptar com as políticas em constante mudança, como o ensino on-line, a venda on-line de Bíblias e o contato com entidades cristãs fora da China.
O que esperar para o futuro?
A Portas Abertas trabalha para combater uma das políticas mais difíceis da China — perseguir os jovens cristãos e os trancar para fora da igreja. Se o Partido Comunista puder neutralizar a próxima geração de cristãos, o ciclo de fé será quebrado. Estamos equipando jovens líderes com abordagens e ferramentas para alcançar a juventude. Muitos líderes da igreja participaram de treinamentos para prepará-los para perseguição. Isso produziu uma base de consciência e urgência para responder à perseguição biblicamente, corajosamente e em conjunto, como um só corpo.
As igrejas na China estão crescendo e nossos irmãos e irmãs precisam também crescer na fé através da palavra de Deus. Com sua doação, você garante que cristãos chineses recebam Bíblias digitais. Além disso, você se torna um parceiro da Portas Abertas e passa a receber em sua casa os exemplares da Revista Portas Abertas e abençoa irmãos e irmãs em todo o mundo.
Fonte: Portas Abertas