A China se prepara para lançar novas regulamentações para seminários e outras instituições religiosas que estão envolvidas com treinamento e ensino. As novas “Medidas Administrativas para Instituições Religiosas” entrarão em vigor em primeiro de setembro.
Os regulamentos, publicados pela Administração Estatal de Assuntos Religiosos da China, abrangem muitos tópicos, desde os requisitos necessários para estabelecer uma instituição religiosa até o currículo e recrutamento de pessoal.
De acordo com um parceiro local da Portas Abertas, 30% do tempo de aula deve ser usado para tratar temas de “educação geral” como ideologias socialistas, pensamentos, valores fundamentais, cultura tradicional chinesa em meio a outros. “Esta é uma porcentagem significativa”, explica.
Os regulamentos também determinam verificações minuciosas dos antecedentes para professores estrangeiros. “Os regulamentos mencionam que os candidatos devem ser excluídos se eles, no passado, se juntaram a qualquer organização antigoverno, participaram de atividades ou expressaram publicamente algo contra o governo e assim por diante. Essa ênfase é algo novo”, conclui.
Sob a liderança do presidente chinês Xi Jinping, o Partido Comunista reforçou o controle sobre o país, incluindo as igrejas. À medida que o governo percebe a principal ameaça vindo do Ocidente, missionários estrangeiros e igrejas com conexões no exterior são considerados com desconfiança.
“A repressão às igrejas oficiais e subterrâneas nos últimos anos visa limitar o crescimento global da população cristã, bem como enfraquecer qualquer conexão com as igrejas no exterior. Esses novos regulamentos são apenas parte da estratégia para alcançar esse objetivo”, finaliza o parceiro.
Operação ilegal
Em um incidente não relacionado, as autoridades prenderam quatro professores cristãos na província de Anhui, na China, sob a acusação de executar uma “operação ilegal”. No dia 27 de maio, a polícia invadiu a escola cristã em Wuhu e prendeu dez professores. Seis deles foram soltos sob fiança, mas Wang Minghai, Wan Hongxia, Han Yanlei e Xie Zhifeng permanecem detidos. As autoridades dizem que a escola é ilegal. De acordo com um regulamento de 2017, escolas privadas e escolas domiciliares não podem substituir a educação obrigatória em escolas públicas.
“As escolas na China precisam ser registradas no governo para serem legais. Embora as escolas privadas e baseadas na fé, bem como a educação domiciliar, fossem ilegais, mas toleradas no passado, este não é mais o caso, pois as autoridades querem controlar a educação para garantir que as crianças aprendam sobre valores do núcleo socialista com características chinesas”, disse uma parceira local.
Fonte: Portas Abertas