O governo chinês responsabilizou nesta segunda-feira a Alemanha pelo arrefecimento nas relações diplomáticas bilaterais desde o recente encontro entre a chanceler alemã Angela Merkel e o Dalai Lama, o líder tibetano em exílio.

“O lado chinês não está satisfeito, está indignado com o encontro entre a líder alemã e o Dalai Lama. Tal encontro colocou dificuldades nas relações bilaterais, mas a culpa não é da China”, disse aos jornalistas um alto funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

“A Alemanha deveria tomar alguns passos concretos para aliviar a tensão atual”, acrescentou o mesmo responsável, que exigiu o anonimato para falar com a imprensa.

Desde que Merkel recebeu o Dalai Lama em 23 de setembro, Pequim cancelou diversos encontros com responsáveis alemães, com a Alemanha a anunciar na passada semana que Pequim desmarcou à ultima hora a visita oficial do ministro das Finanças alemão à China, por alegadas dificuldades de agenda.

O encontro com o líder espiritual tibetano, disse o responsável chinês, “atrasou o programa de intercâmbios. Para continuar, é necessário um clima favorável, sem o qual será mais difícil atingir resultados”.

Contudo, o responsável diplomático chinês não identificou que medidas Berlim deverá tomar, dizendo apenas que “cabe à Alemanha decidir”.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão disse estar “preocupado” com a disputa com Pequim, até porque a China cancelou também um encontro bilateral em dezembro para debater o tema dos Direitos Humanos, depois de ter desmarcado um simpósio entre os dois países na Alemanha em final de setembro.

O Dalai Lama foi também recebido recentemente por líderes políticos como o Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, o primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, e o primeiro-ministro australiano, John Howard, mas Pequim parece ter apontado baterias diplomáticas contra a Alemanha.

Apesar do líder tibetano ter abandonado as exigências iniciais de independência para o Tibete e defender agora uma “autonomia real e significativa” para a região, a China insiste que o Dalai Lama não é uma figura religiosa mas sim um líder separatista que busca a independência do Tibete.

O Dalai Lama, Prêmio Nobel da Paz em 1989 pela dedicação não-violenta à causa do Tibete, partiu para o exílio na Índia em 1959, quando o exército chinês ocupou a região.

O líder tibetano visitou Portugal em setembro passado, tendo sido recebido pelo presidente da Assembléia da República, Jaime Gama, e pelos deputados da comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros.

Fonte: Lusa

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