Ele não esconde de ninguém. Aos 44 anos, Tom Cruise (foto) é dos mais bem-sucedidos astros de Hollywood. Estrelou filmes de grande sucesso, é considerado um símbolo sexual no mundo inteiro. Para quem estudava para ser padre na adolescência, as declarações polêmicas envolvendo sua atual religião, a Cientologia, dão o que falar no mundo inteiro.
Há cerca de 20 anos envolvido com esta doutrina, o ator recentemente teve até o contrato com os estúdios Paramount encerrado. E o motivo não foi apenas o fato de Missão: Impossível 3 ter faturado muito abaixo do esperado. Seu comportamento também o prejudicou nesta história: “Por mais que gostemos dele, seria errado renovar o contrato. Sua conduta recente não é aceitável para a Paramount”, afirmou o presidente do estúdio, Sumner Redstone, ao jornal The New York Times.
Outro fato que chocou o mundo foi o parto de sua noiva, Katie Holmes. Segundo ele, o ato teria de ser silencioso e sem uso de medicamentos, caso contrário provocaria no bebê traumas para a vida inteira. Cruise, porém, acabou mudando de idéia quanto à medicação. A atriz, vinda de uma família católica fervorosa, também se converteu à Cientologia e teria decepcionado seus pais. Segundo rumores, o casamento será celebrado na religião do astro e a criança, uma menina batizada de Suri, terá sua criação de acordo com os conceitos.
Até se envolver com Tom Cruise, a Katie Holmes, que esteve no elenco de Batman Begins, era apenas uma fã de um dos mais famosos atores de Hollywood. A intérprete é 16 anos mais jovem que ele e entrou de cabeça na relação após ser pedida em casamento na Torre Eiffel, em Paris. Houve também a excêntrica declaração de amor feita pelo noivo no talk show de Oprah Winfrey, uma das apresentadoras mais famosas da TV norte-americana.
O que é afinal a Cientologia?
Criada por um norte-americano na década de 50, a religião foi ganhando adeptos ao longo das décadas. L. Ron Hubbard (1911 – 1986, foto), autor de dezenas de livros, foi o idealizador da doutrina e teve uma biografia um tanto controversa: um de seus filhos chegou a afirmar que ele foi um dos maiores trapaceiros já conhecidos. Polêmicas à parte, astros como John Travolta, Michael Jackson, Juliette Lewis, Anne Archer e Lisa-Marie Presley também seguem os preceitos. Segundo o site oficial da seita das estrelas, há no mundo cerca de seis mil igrejas.
O que eles pregam?
– Definição: Scio (latim) = conhecer. Logos (grego) = estudar. Cientologia é o estudo da relação do espírito com ele mesmo, com o universo e com as outras vidas.
– Verdades fundamentais da religião: O homem é um ser imortal. Suas experiências vão além de uma vida. Suas capacidades são ilimitadas. Sua salvação depende de si, de seus semelhantes e da relação com o universo.
– O homem consiste de três partes: o thetan (ou espírito, que é imortal e percorre várias vidas), a mente (usada pelo espírito como uma forma de comunicação com o ambiente) e o corpo (não é considerado parte da pessoa).
Tom Cruise é um dos maiores defensores da Cientologia nos Estados Unidos. Para informar o público sobre a doutrina, chegou a montar em sets de filmagens tendas com representantes para disseminar os conhecimentos e tirar dúvidas. Ele costuma mencionar sua crença em entrevistas em jornais, revistas, TV e durante a divulgação de suas produções. Ao ser questionado pelo jornal alemão Der Spiegel sobre a função de recrutar novos seguidores, ele respondeu: “Eu sou alguém que auxilia. Por exemplo, eu mesmo ajudei centenas de pessoas a pararem com as drogas. Na Cientologia, nós temos o único programa de reabilitação dos dependentes de drogas bem-sucedido do mundo. É chamado de Narconon”.
No Brasil, a representante da religião desde 1994 é Lucia Winther, responsável por uma editora que publica os livros de L. Ron Hubbard por aqui. Em entrevista concedida à revista Época, ela afirmou que mais de 15 mil pessoas participam da religião no país, inclusive a escritora Mônica Buonfiglio. Revelou também que há duas igrejas da Cientologia em São Paulo, uma na Vila Mariana e outra no Tatuapé e que nestes locais os interessados também podem conhecer mais sobre a Dianética, que faz parte da doutrina.
Confira abaixo um estudo do Centro Apologético Cristão de Pesquisas
A cientologia
Fundada em 1954, no Estado da Califórnia (EUA), o idealizador dessa seita é Lafayette Ron Hubbard (1911-1986), filho de um comandante da marinha norte-americana. Segundo publicações da Cientologia ele seria formado em engenharia civil, com especialização em física nuclear, pela Universidade George Washington. “No entanto, os registros da escola revelam que ele cursou apenas dois anos, sendo que o segundo em regime probatório, tendo sido reprovado em física. Afirma-se também que ele teria Ph.D conferido por uma tal Universidade Sequoia da Califórnia, embora não haja provas de que exista uma escola superior com esse nome na Califórnia, qualificada para conceder títulos de doutorado”.1
Hubbard se consagrou nas décadas de 30 e 40 como um prolixo escritor de ficção científica, chegando a escrever cerca de setenta e oito novelas desse gênero e outras obras. A biografia de Hubbard não é a das mais confiáveis, pois alguns de seus familiares resolveram romper com a Cientologia e emitiram depoimentos sobre Hubbard. Para seus seguidores, esses depoimentos não são aceitáveis, porque, segundo afirmam, faltam com a verdade. Entretanto, uma das palavras mais duras ditas sobre Hubbard veio de Ronald DeWolf, um de seus cinco filhos. DeWolf disse que seu pai era “um dos maiores trapaceiros do século”.2
Desde pequeno, Hubbard costumava viajar com seu pai aos países do Oriente, o que despertou o seu interesse por diversas culturas e crenças. Mais tarde, estudou engenharia e física nuclear. Em 1950, ele publica o livro “Dianética: a Ciência moderna e a saúde mental”3 , que se tornou uma autoridade da Cientologia. Em 1959, mudou-se para a Inglaterra e, devido à forte oposição às suas idéias, deixou-a em 1966, passando a viver a bordo de um navio de 300 pés chamado Apolo, cercado de discípulos. Em 1967, começou a dirigir a Sea organization ( “Organização do mar”), sua congregação religiosa dentro da “Igreja da Cientologia”. No ano de 1975, Hubbard voltou aos Estados Unidos, onde passou a levar uma vida cada vez mais discreta e retirada do público, inclusive de seus familiares. Foi então que começaram a surgir rumores sobre a eventualidade de seu falecimento. Ronald DeWolf entrou com uma petição judicial, num tribunal do Estado da Califórnia, para ser nomeado procurador dos bens do pai, alegando que ele havia morrido. Todavia, o tribunal descobriu que Hubbard estava vivo, vindo a falecer dez anos depois, mais precisamente em 1985, deixando mais de seis milhões de adeptos no mundo inteiro.
A Cientologia e o cristianismo
Embora haja por parte dos cientólogos considerável esforço em conciliar os ensinos de Hubbbard com o cristianismo (como se vê em diversas de suas publicações, como, por exemplo, a brochura intitulada Cientologia e a Bíblia), a verdade é que existe um enorme disparate entre a Palavra de Deus e os ensinos de Hubbard. Vejamos alguns:
Deus
Devido ao seu caráter eclético, a Cientologia tem procurado, nos últimos anos, assim como a Maçonaria, designar Deus simplesmente como “Ser supremo”, “Força de vida”, a fim de facilitar a entrada de pessoas de qualquer segmento religioso. Adotam, ainda, a posição politeísta: “Existem deuses que estão acima de todos os outros deuses, e deuses além dos universos”.6 Em toda a Bíblia encontramos uma afirmação inflexível a favor do monoteísmo e da singularidade do Senhor Deus (Is 43.10,11; 44.6,8; 45.5, 21,22). O apóstolo Paulo é muito claro e enfático ao afirmar que, no que diz respeito ao mundo, “há muitos deuses e muitos senhores, todavia, para nós há um só Deus, o Pai de quem são todas as cousas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo” (1Co 8.5,6).
O lugar de Cristo
Hubbard formou o pensamento da Cientologia sobre Jesus Cristo tomando emprestado o mesmo ensino do Budismo, do Hinduísmo, do Taoismo e do Judaísmo: “teoria moral”, que defende a idéia de que Jesus é apenas um exemplo de fé, de moral e de conduta. “Nem o senhor Buda e nem Jesus Cristo eram ‘espíritos operativos’ (do nível mais elevado), de acordo com as evidências. Eram apenas uma sombra limpa acima”.7 Não compactuamos com esses ensinos da Cientologia, pois a Bíblia proclama que Jesus é o Filho de Deus, sendo vero e eterno Deus, de uma só substância com o Pai e igual a Ele. O único mediador entre Deus e os homens. Em todo o registro da vida do Senhor Jesus Cristo em suas palavras e ações, encontramos sua singularidade. No livro de Atos, Ele é chamado, muitas vezes, de o “Santo”, o “justo” ( Is 9.6; Jo 1.1, 18; 8.58; 20.28; 1Jo 5.20; Fp 2.6; 2Pe 1.1; Hb 1.8-12; Tt 2.13; Rm 1.3,4; 1Tm 2.5; 1Pe 2.22; 1Jo 3.5; Hb 7.26; At 2.27; 3.14; 4.30; 7.52; 13.35).
Hubbard fez várias declarações infundadas sobre Jesus. E uma delas foi que “Jesus era membro da seita dos essênios, que cria na reencarnação”.8 Os essênios9 tinham um sistema de vida profundamente ascético, alimentavam-se frugalmente e possuíam um “Manual de Disciplina” que estabelecia regras para a vida da comunidade quanto ao que se podia comer ou não. Não aceitavam o sacrifício de animais. Impunham o celibato para seus membros, entre outras crenças. Basta uma leitura imparcial das Sagradas Escrituras para vermos que Jesus não era um “essênio”. Jesus não se apartava do povo, não tinha restrições quanto à comida, chegando ao ponto de ser acusado pelos judeus: “Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores!”.
Os “essênios” primavam pela pureza exterior. Ao serem os discípulos acusados de comer sem lavar as mãos, Jesus os defendeu, dizendo: “Convocando ele, de novo, a multidão, disse-lhes: Ouvi-me todos, e entendei. Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa contaminar; mas o que sai do homem é o que o contamina” (Mc 7.14,15).
Os essênios não criam na ressurreição do corpo. Não podiam harmonizar a idéia de um espírito puro reunido a um corpo de substância material, já que esta era má. Ao contrário, Jesus ensinou claramente que lhe era necessário sofrer muitas coisas e, por fim, ressuscitar: “Ao descerem do monte, ordenou-lhes Jesus que não divulgassem as coisas que tinham visto, até o dia em que o Filho do Homem ressuscitasse dentre os mortos” (Mc 9.9).
Jesus se opôs à reencarnação (Jo 9.1-3) e ensinou a impossibilidade de qualquer pessoa se salvar por ela (Mt 25.34, 41, 46). Em lugar de ensinar a preexistência de todas as almas, como é próprio da Cientologia, Jesus afirmou que era o único que preexistiu de fato, e não estava em um estado reencarnado: “Vós sois cá debaixo, eu sou lá de cima; vós sois deste mundo, eu deste mundo não sou” (Jo 8.23).
O homem não veio de uma “estação de implante” de outro planeta. O homem é deste mundo, unica–mente da terra. O gênero humano começou na terra, com a criação de Adão.10
Desprezo pelo corpo
Ao expressar o conceito que tem sobre o corpo, a Cientologia revela a origem de suas crenças. Ela diz que nós não pertencemos a esse corpo físico, pois é mau. Esse ensino, no entanto, é idêntico ao pensamento gnótisco11 . Os gnósticos pregavam um dualismo entre a matéria e o espírito, advogando que a matéria criada era má. A encarnação, a ressurreição e a ascensão de Cristo são essenciais ao entendimento e à fé cristã, pois mostram que não há lugar para essa torpe dicotomia entre o espiritual e o material. O cristão aceita o fato de que corpo, além de criação de Deus, é habitação do Espírito Santo (1Co 6.19). Somos instados a glorificar a Deus com o nosso corpo (1Co 6.20).
Tiago 2.26, diz: “…o corpo sem espírito é morto…”. A formação do homem, desde a criação de Adão, demanda um corpo, bem como um espírito, para que ele fosse uma “alma vivente” (Gn 2.7). Um dos propósitos da futura ressurreição do corpo do cristão é reunir o corpo e o espírito, formando um ser completo.
O caminho da salvação
Como vimos, a Cientologia crê que o homem é “basicamente bom”, “sem pecado”. Portanto, segundo afirmam, “é desprezível e completamente abaixo de todo desprezo falar para um homem que ele tem de se arrepender, que ele é mau”.12 Na visão da Cientologia, o homem tem apenas cicatrizes (Engramas), e é justamente isso que o impede de descobrir e exercitar “seu poder inerente”.
À medida que a pessoa se submete às sessões de “audição”13 , em tese ela estará purificando sua mente dos ferimentos e das chagas que tenha contraído em suas existências anteriores à atual, a fim de chegar a uma conscien-tização de sua divindade.
Contrastando essa doutrina absurda, Jesus Cristo ensinou que o homem tem um grave problema: o do pecado, e está incapacitado de resolvê-lo por si mesmo. Jesus disse que o homem é mau por natureza (Mt 12.34; 7:11). Falou, ainda, que do interior do homem procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos teste-munhos e blasfêmias (Mt 15.18,19). Seu primeiro sermão foi uma exortação ao arrependimento (Mt 4.17). A pregação de João Batista (Mt 3.2), dos Doze (Mc 6.12), de Pedro no Pentecoste (At 2.38) e de Paulo aos gentios (At 17.30; 26.20) continha mensagens com forte apelo ao arrependimento para que houvesse remissão de pecados. A mensagem do arrependimento deveria ser levada por todo o mundo (Lc 24.47). Nossos irmãos, num passado não tão distante, compuseram uma magistral definição de arrependimento que os cientólogos deveriam atentar. Vejamos:
“Por ele um pecador, movido pelo que vê e sente, não só diante do perigo, mas também diante da imundícia e odiosidade de seus pecados, como sendo contrários à santa natureza e à justa lei de Deus, e na apreensão de sua misericórdia em Cristo destinada aos que são penitentes, de tal maneira se entristece e odeia seus pecados, que, deixando-os, se volta para Deus, propondo-se e diligen-ciando-se por andar com Ele em todas as veredas de seus mandamentos” (Confissão de Fé Westminster – Cap. XV, seção II).14
Fonte: Guia da semana e Centro Apologético Cristão de Pesquisas (www.cacp.org.br)