O democrata-cristão Clemente Mastella, cuja saída do Governo italiano propiciou a queda do primeiro-ministro Romano Prodi, acredita ser perseguido por defender a Igreja Católica, segundo uma entrevista divulgada ontem por uma publicação religiosa.

Mastella, acusado de corrupção – junto a sua mulher e outros nove membros de seu partido – pela Promotoria da província de Caserta, no sul da Itália, disse, também, que se fosse ateu poderia ter cometido qualquer ato impulsivo para machucar-se.

“Sinto-me perseguido, como o é há muito tempo minha família, e às vezes penso que se deve ao fato de que somos católicos e defendemos sempre a Igreja”, afirmou Mastella ao jornal virtual de conteúdo católico “Petrus”.

O democrata-cristão, que segundo a imprensa italiana avisou o Vaticano de suas intenções de renunciar como ministro da Justiça, acrescentou que é vítima do que chamou de um “linchamento judicial e midiático”, e assegurou que suportou essa perseguição “com resignação cristã”.

Entre as acusações contra Mastella, líder do Partido Udeur (União de Democratas para a Europa), e os demais envolvidos, figura a de pressionar o presidente da região de Campania, Antonio Bassolino, para colocar um de seus homens de confiança em um cargo público.

Em seu “blog”, o político, que foi eleito deputado pela primeira vez em 1976, aos 29 anos, se defende das acusações e explica que os delitos atribuídos a ele não são mais do que “algo típico da política”.

O presidente da Conferência Episcopal Italiana, Angelo Bagnasco, negou as insinuações, divulgadas por alguns meios de comunicação, de que os bispos locais estivessem por trás da queda do Governo de Prodi.

“Os bispos não se ocupam da política, mas de valores”, assegurou hoje Bagnasco no jornal “La Repubblica”.

Mastella não é o único político democrata-cristão que teve problemas com a Justiça italiana nestas últimas semanas.

O governante da Sicília, Salvatore Cuffaro, membro da União de Democratas Cristãos e de Centro (UDC), renunciou hoje após ter sido condenado, na sexta-feira da semana passada, a cinco anos de prisão por revelação de segredos, em um caso no qual era acusado de conivência com a máfia, acusação da qual foi absolvido.

Fonte: EFE

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