A Conferência Nacional dos Bispos no Brasil (CNBB) posicionou-se contra o uso da chamada “pílula do dia seguinte” por considerar que o método pode ser um abortivo.
Para o secretário geral da CNBB, Dom Odilo Scherer, a pílula é um método contraceptivo emergencial, ou seja, é uma substância ingerida para impedir a ocorrência de uma gravidez, mesmo tendo havido uma concepção.
Na quarta-feira (17), o Diário Oficial da União publicou resolução (nº1.811/06) do Conselho Federal de Mecidina (CFM) liberando os médicos para que indiquem a pílula como um contraceptivo de emergência.
A decisão foi criticada pelo presidente da CNBB, para quem o texto da resolução é contraditório. “O Conselho insiste em dizer que ela não é abortiva, mas depois, no mesmo texto, está escrito que tendo havido uma concepção não haverá o início da gestação. A gravidez é o estado em que a mulher se encontra e a gestação é o desenvolvimento de uma vida já iniciada. Portanto, gestação e gravidez são conseqüências do início de uma vida humana”, disse.
Dom Odilo Scherer afirmou também que a comunidade católica é contra esse método, que para ele fere os princípios de moral da Igreja: “Consideramos que o efeito da pílula do dia seguinte pode ser abortivo. Consideramos que o início da vida humana se dá com a concepção. Portanto, daí para a frente, toda interrupção do processo de evolução da vida humana é considerado um aborto provocado”.
De acordo com o médico José Hiran Gallo, membro do Conselho Federal de Mecidina, a pílula não pode ser considerada um abortivo. Ele explicou que “pílula do dia seguinte” retarda a ovulação e depois dificulta a penetração do espermatozóide no óvulo. E acrescentou que o objetivo é evitar que ocorra uma gravidez indesejada.
“Eu respeito à decisão da CNBB, mas infelizmente ela tem que começar a se atualizar. Quando a igreja católica é contra o preservativo e também o contraceptivo, fica difícil discutir esse assunto, que é de grande relevância para sociedade brasileira”, afirmou.
A pílula, segundo Gallo, é um contraceptivo de emergência e deve ser usada apenas com a orientação de um médico.
Fonte: Agência Brasil