Arcebispo disse achar ‘estranho’ que ministra tenha abordado tema.
Menicucci afirmou considerar assunto ‘questão de saúde pública’.

A Confederação dos Bispos do Brasil (CNBB) informou nesta quinta-feira (16) que enviou à presidente Dilma Rousseff uma carta na qual condena o aborto e aborda a posição da ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres, Eleonora Meniccuci, sobre o tema.

Escolhida neste mês para substituir Iriny Lopes no comando da pasta, Meniccuci afirmou em entrevistas que considera o aborto uma “questão de saúde pública” e que tem “convicção pessoal” sobre o assunto. Ela destacou, contudo, que defenderá a política do governo e que a legalização ou não do aborto deve ser resolvida pelo Legislativo.

O presidente da CNBB, Cardeal Raymundo Damasceno Assis, disse achar “estranho” que a ministra tenha abordado o tema logo após ser indicada para o cargo.

“A presidente é livre para escolher os seus ministros. Claro que estranho logo, logo ao iniciar seu trabalho no ministério, já abordar uma questão que sabemos ser muito discutida na sociedade e, evidentemente, que há tantos outros temas muito mais importantes de serem tratados”, disse.

Procurada, a assessoria da Secretaria de Política para as Mulheres, até a última atualização desta reportagem, não se manifestaria sobre o assunto. A ministra está em viagem a Genebra.

Segundo ele, diante das declarações de Meniccuci, a CNBB resolveu reafirmar à presidente Dilma sua posição sobre o aborto. “Vamos enviar uma carta à presidente abordando esse tema e, sobretudo, mantendo nossa posição de que a vida merece respeito desde o seu início”, afirmou.

No dia em que assumiu o cargo de ministra, no dia 10 de fevereiro, ao ser perguntada sobre as críticas de líderes evangélicos a respeito de sua posição sobre a legalização do aborto, Eleonora Meniccuci respondeu: “Só quero dizer que o aborto inseguro é a quarta causa de morte materna e quinta causa do SUS [Sistema Único de Saúde]. O governo tem posição em relação a isso que é pública. E vamos trabalhar. Convicção é convicção, como já foi dito pela presidente.”

Para o secretário-geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrich Steiner, a declaração da nova ministra “incomodou muita gente”, não apenas a Igreja Católica.

[b]Camisinha[/b]

O arcebispo afirmou ainda que a CNBB é contrária à distribuição de preservativos durante as festas de carnaval. Damasceno Assis afirmou compreender que o governo faça campanhas contra o vírus HIV voltadas ao público homossexual, mas disse ser contrário à entrega de camisinhas.

“O governo deve estar preocupado com a saúde pública, a saúde dos cidadãos. É um dever dele. Muitas vezes ocorre transmissão maior, pelas estatísticas, no grupo de homossexuais. [Distribuir preservativos] evidentemente que não apoiamos. Evidentemente que [a CNBB] é contra”, disse.

Dom Leonardo Ulrich Steiner, bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário geral da CNBB, disse que passou por uma situação “constrangedora” no carnaval passado quando estava em um ônibus em Barra das Garças (MT).

“Sentado dentro do ônibus colocaram no meu colo uns 30 preservativos. Quando disse que não precisava me obrigaram e me xingaram. Esse tipo de ação de governo não é por aí que estamos preservando as pessoas”, contou.

“Quando no final eu disse, olha, eu sou bispo. Ela ficou me olhando espantada, mas assim mesmo quis me obrigar [a receber as camisinhas] para eu distribuir aos meus filhos. Não entendeu a minha realidade”, complementou o bispo, bem humorado.

[b]Lei da Ficha Limpa
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Os bispos da CNBB também defenderam a validade da Lei Ficha Limpa, que proíbe as candidaturas de políticos condenados pela Justiça em decisões colegiadas ou que renunciaram a cargo eletivo para evitar processo de cassação.

Nesta quinta, o Supremo Tribunal Federal vai definir as regras que serão aplicadas aos candidatos em eleições a partir de outubro.

“A expectativa nossa é de que realmente o Supremo declare a constitucionalidade. A lei pode aprimorar e aperfeiçoar nosso sistema eleitoral. Agora, Ficha Limpa é apenas um passo. Um feito positivo na questão eleitoral”, disse o Cardeal Raymundo Damasceno Assis.

[b]Fonte: G1[/b]

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