A Bíblia em alta na TV americana

Nem tudo está perdido na televisão. Claro que em especial nos canais abertos, ainda predominam programas medíocres e porcarias como o Big Brother Brasil, mas, de vez em quando, surge um ar fresco, um alento para nossos cérebros.

Em meio ao turbilhão de violência, sensualidade e grosseria que reina na televisão do mundo todo, o canal por assinatura The History Channel, lança em 2013 a serie “The Bible” (“A Biblia”). Não foi a primeira vez que a televisão fechada explorou temas bíblicos, mas “The Bible” inovou ao apresentar o conteúdo dramatizado e não em forma de documentário, como seria esperado. O sucesso foi tão grande, que terminou o ano como a serie televisiva de maior audiência nos EUA e gerou o filme “Son of God”, lançado nos cinemas ano passado.

O responsável por essa mudança de paradigmas na mídia americana atende pelo nome de Mark Burnett, um produtor inglês que tem em seu currículo programas como “Survivor”, “The Apprentice” (“O Aprendiz”) ,”The Voice” e “Shark Tank” entre outras produções milionárias. Burnett já conseguiu gerar tanto retorno para os empresários e tem tanto cacife em Hollywood que poderia produzir o programa que quisesse sobre o tema que bem entendesse que fatalmente acharia investidores sem grandes problemas. Mas, Mark Burnett resolveu se voltar para a Bíblia, mais uma vez.

Sua próxima produção é a minissérie “A. D.” programada para ser lançada na Páscoa deste ano e dessa vez pela NBC, uma das maiores redes de TV aberta dos Estados Unidos. A minissérie é baseada no livro de Atos dos Apóstolos e se passa logo depois da crucificação e ressurreição de Cristo. Mark Burnett visitou o campus da Liberty University semana passada e tivemos o privilegio de sermos os primeiros a assistir à um pedaço da “A.D.”! Claro, que muito à contragosto da ABC, mas, Burnett insistiu em mostrar 11 minutos do segundo capitulo da serie, exclusivamente para nós aqui da Liberty. Não é pouca coisa, peitar os engravatados de Hollywood, mas, Burnett tem tanto carinho pela Liberty que não pensou duas vezes.

Mark Burnett, aliás, afirmou que “Essa serie traz as impressões digitais da Liberty University”. Não sei se disse isso apenas para ser simpático, mas de fato, um dos principais consultores teológicos para a serie da ABC é o Dr. Ed Hindson, diretor do Seminário aqui da Liberty. Dr. Hindson é um profundo conhecedor da Bíblia, já escreveu vários livros e é uma pessoa simpaticíssima. Seus comentários nas reuniões de professores são sempre bem humorados e divertidos. Damos sempre boas risadas com ele, que é profundamente respeitado por todos.

Além disso, Mark Burnett contratou recentemente para seu staff, o Pr. Johnny Moore, que até ano passado era o “Campus Pastor” da Liberty (algo como “capelão”) responsável pela vida espiritual dos mais de 13 mil alunos residenciais da universidade. Burnett esteve na Liberty ano passado para a divulgação do filme “The Son of God” e ficou tão impressionado ,que fez um convite irrecusável para Johnny Moore e terminou por levá-lo para ser seu assistente em Hollywood.

O simpático Pr. Johnny Moore, por sinal, é casado com uma brasileira e tem forte ligação com o Brasil. Ajudou a liderar várias viagens missionárias ao Brasil, uma delas, inclusive, para as populações ribeirinhas do Amazonas. Eu fui até convidado para ajudar a preparar o grupo para essa viagem. Johnny Moore é uma pessoa especial, querido por todos no campus. Sempre que nos víamos, trocávamos algumas palavras em português, que ele fazia questão de estar sempre aprimorando. Gente da melhor espécie, cristão autêntico, sempre muito envolvido com a pregação do Evangelho no mundo todo. Deus o colocou em um lugar ainda mais alto onde vai ter a oportunidade de propagar a mensagem do Evangelho para milhões de pessoas.

Sobre “A. D.”, ou pelo menos dos 11 minutos a que tive acesso, a qualidade da produção realmente impressiona; Burnett contratou a mesma equipe de “Gladiador” para cuidar dos efeitos especiais, chamou o grande compositor alemão Hans Zimmer para compor a trilha sonora e os cenários mostram que não houve economia na produção. Além disso, os atores, embora pouco conhecidos do grande publico, são bem convincentes. Um detalhe que chama a atenção é a inclusão de atores negros e mestiços em papeis de destaque fugindo do estereotipo corriqueiro em Hollywood.

Mesmo se a serie tiver seus problemas, e provavelmente terá, não deixa de ser um alento; produção de temática bíblica com qualidade está se tornando coisa menos rara na televisão americana. Esperemos que em breve a serie possa também ser exibida no Brasil, criando melhores alternativas nesse cenário dantesco atual.

Um abraço,

Leon

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