O Fantástico mostrou não faz muito tempo, um quadro bem interessante, sobre uma adolescente que vinha sendo constantemente zombada pelos seus colegas de classe, por conta de seu gosto musical. A jovenzinha é fã ardorosa do cantor sertanejo Luan Santana, algo aparentemente imperdoável por seus colegas que a achincalhavam a todo o momento.
A reportagem chamou o comportamento dos estudantes de “bullying musical” numa referência aos casos de abusos e agressões comuns em escolas americanas, tão retratados em filmes e documentários. Dessa vez, porém, a motivação não foi racial, física, ou de classe social, mas baseou-se aparentemente apenas no gosto musical da moçoila.
Depois de ver a reportagem, fiquei pensando sobre o meio evangélico e sobre alguns outros tipos de bullying musical que já vivenciei. Em alguma igrejas, parece que a situação é invertida; critica-se não quem gosta de determinada banda ou cantor, mas sim a quem não gosta ou tem restrições de qualquer tipo. E vou mais longe; em alguns casos, não basta gostar, mas exige-se por parte dos ministros de louvor quase que uma copia perfeita e dublada do artista ou banda em questão. Parece que as pessoas querem ver em suas igrejas exatamente o mesmo modelo que veem no YouTube ou que ouvem em seus Ipods. A escolha das músicas se baseia mais no gosto pessoal e no modismo do que na necessidade doutrinaria do momento.
Certos grupos tem se tornado quase que ídolos para algumas pessoas; tanto que parece que esses desligam o cérebro e não se dão ao trabalho de refletir nas letras das canções para ver se há coerência bíblica. E o pior é que muitas vezes não há.
Eu mesmo já sofri esse tipo de bullying invertido. Fui duramente criticado várias vezes por não incluir músicas dessa ou aquela banda no louvor da igreja. Se as queixas viessem por razões teológicas, eu ficaria até feliz e mudaria minha posição; mas na maioria das vezes, as pessoas queriam apenas ver suas preferências sendo aceitas e ouvir na igreja as “mais, mais das paradas de sucesso”.
Certamente que gosto não se discute; mas o que está em questão aqui não é gosto pessoal. Que cada um entupa seus ipods e laptops com o gênero e estilo musical que bem entender; mas no louvor congregacional deve imperar equilíbrio, conteúdo bíblico e profundidade teológica. Se tudo isso puder ser apresentado de uma forma criativa e atraente , ótimo; mas, louvor não é entretenimento. Devemos procurar agradar à Deus e não às pessoas. No louvor, gosto musical é aspecto secundário. Ou pelo menos deveria ser. Se o louvor não contribui para edificação da igreja, fortalecimento da fé e convicção evangelística, então existe algo de errado e os valores estão invertidos.
Bullying é sempre burro, injusto e irracional. Até mesmo quando é musical.
Um abraço,
Leon Neto