Chico Xavier, o filme

Justamente numa sexta-feira santa o filme “Chico Xavier” foi lançado nos cinemas brasileiros. Uma verdadeira superprodução que conta com direção de Daniel Filho e com os atores Ângelo Antonio, Tony Ramos, Letícia Sabatella, Cássia Kiss e Nelson Xavier, entre outros.

O filme é baseado no livro “As Vidas de Chico Xavier”, de Marcel Souto Maior, e retrata toda a trajetória deste que, sem dúvida, foi o maior representante da doutrina espírita no Brasil. Pela sua chamada, o filme aparentemente procura apresentar o personagem de forma isenta, mas parece que na realidade a coisa não é bem assim não.

O diretor Daniel Filho, que afirma ser ateu, disse em uma entrevista que houve “experiência sobrenatural” no set de filmagem, inclusive com um caso de possessão de um figurante. O ator Nelson Xavier que interpreta o personagem título e que também se auto-denomina ateu, afirmou ter “sentido a presença dele ao meu lado”, obviamente se referindo a Chico Xavier. Além disso, o ator Ângelo Antonio, que interpreta Chico Xavier em sua juventude, é declaradamente espírita.

Ou todos estão apenas querendo promover o filme ou de fato existe uma agendazinha prosélita por trás da produção. E só não vê quem não quer. Aliás, como dissemos na coluna passada, a RGT tem mesmo uma clara inclinação espírita e o filme, para quem não sabia, foi produzido pela Globo Filmes.

Como ainda não vi o filme, por estar fora do Brasil, não vou aqui fazer nenhuma critica de cunho artístico. O que me interessou mesmo, foi saber da reação do povo evangélico. Ouvi de muita gente expressões de desagrado e até mesmo de revolta com a produção deste filme. Alguns afirmando ser um “absurdo” tal lançamento, ainda mais em uma sexta-feira santa.

Bem, em relação à data de lançamento (2 de abril), esta se deu por ser também aniversário de nascimento de Chico Xavier, que se vivo estaria completando 100 anos. Portanto, não foi necessariamente para afrontar as igrejas católica e protestante, me parece. Sobre o fato do filme em si, por mais que discordemos da doutrina espírita, temos que reconhecer que seus adeptos ou simpatizantes tem todo o direito de divulgar suas crenças, da maneira que bem entenderem. Isso é a essência da democracia e da liberdade religiosa que graças a Deus, estão bem presentes em nosso país. O mesmo direito que nós evangélicos temos de produzir filmes como “Desafiando os Gigantes” e “Prova de Fogo”, claramente de conteúdo cristão, os espíritas tem de produzir filmes como “Chico Xavier”.

O que nos resta é declarar publicamente que a doutrina espírita é absolutamente incompatível com a fé Cristã, ao contrario do que alguns líderes espíritas querem fazer crer, e que Jesus é muito mais do que um “espírito de luz”. Ainda que, em termos de ação social, as organizações espíritas façam um trabalho bastante louvável, é importante dizer que segundo a Bíblia, boas obras não trazem salvação à ninguém, e que Jesus é o único caminho para Deus. Agora, seria muito bom se as igrejas evangélicas também tivessem uma atuação social mais efetiva, à exemplo do que fazem os espíritas; talvez se nossas igrejas gastassem menos dinheiro comprando aviões e produzindo shows e programas de televisão, pudéssemos fazer mais diferença na vida dos milhões de necessitados no Brasil.

Chico Xavier, independente do que representa para a doutrina espírita, é uma figura histórica e foi inclusive eleito o cidadão mineiro do século, deixando para trás nomes como Santos Dumont, Juscelino Kubitcheck e até mesmo Pelé, numa votação patrocinada pela, adivinhem quem? Isso mesmo, a RGT. De qualquer forma, enquanto personalidade, um filme sobre Chico Xavier não deixa de ser cabível, gostemos ou não.

Sobre assistir ao filme, cabe a cada um decidir sobre se convém ou não. Particularmente, confesso que não senti a menor vontade de fazê-lo; o trailer me pareceu bem piegas e o clima panfletário, bastante evidente. Sei que assim, não vou poder criticar o filme diretamente, mas, de toda forma acho que posso gastar meu tempo com outros filme mais interessantes. E afinal de contas, esse também é um direito democrático que me cabe, não é?

Um abraço,

Leon neto

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