“Como uma deusa/ você me mantém/ e as coisas que você me diz/me levam além/ tão perto das lendas /tão longe do fim/ a fim de dividir /no fundo do prazer/ o amor e o poder .”
Assim dizia a canção “o Amor e o Poder”, versão de “The Power of Love” composta por Jennifer Rush, e imortalizada na voz potente da cantora Rosana. Em 1987, “O Amor e o Poder” tocava em todas as rádios o dia inteiro sem parar, graças ao sucesso da novela “Mandala”. Rosana, filha do músico Aldo Fiengo, já havia feito muito sucesso no ano anterior com a musica “Nem Um Toque”, que também foi trilha Sonora de novela global (“Roda de Fogo”), mas “O Amor e o Poder”, que todos se acostumaram a chamar de “Como uma Deusa” , catapultou a carreira de Rosana para um outro nível, transformando-a em uma das cantoras mais famosas do final dos anos 80 até meados dos anos 90, quando se afastou da grande mídia e passou a se dedicar a projetos pessoais e de menor visibilidade.
Mais ou menos nessa época, Rosana viveu uma crise pessoal muito forte com a morte de sua mãe e a perda de um bebê. Isso fez com que ela se aproximasse mais de Deus e viesse a se converter no final dos anos 90. Rosana , que mudou a grafia do seu nome para Rosanah Fienngo , voltou aos noticiários novamente por conta do lançamento de uma versão gospel para o seu grande sucesso dos anos 80.
“O Amor e o Poder” , ou se preferir “Como uma Deusa”, virou “Com o Meu Deus” , e o refrão diz mais ou menos isso: “Com o meu Deus/ Eu vou além/ além do que eu posso ver, imaginar/ tão perto de Ti, Senhor/ eu vou estar/ a fim de proclamar no fundo do meu ser/Teu amor e poder”.
Claro que fiquei muito feliz em saber da conversão de Rosana e da superação de seus problemas pessoais. Ela inclusive engravidou novamente e hoje é mãe de Davy, nascido em 1998. Rosana, apesar de ter ficado associada à sucessos meio brega-românticos, é uma boa cantora, tem bons recursos vocais e canta com muita emoção. Mas, confesso que não gosto muito dessa estória de artistas que se convertem e ficam fazendo versões evangélicas de seus antigos sucessos. Não vejo muito sentido e nem necessidade disso. Não faz muito tempo, quando Gretchen se converteu, gravou um CD evangélico com versões de suas baladas sensuais e sujestivas, tipo “Freak le boom boom”. O cúmulo do mau gosto, na minha opinião. E no caso de Rosana, a musica nem mesmo é composição dela.
Salmos 96 diz: “Cantai ao Senhor um cântico novo”. O louvor genuíno deve ser fruto de experiência pessoal e intima com Deus. Os Salmos foram escritos assim, nascendo no coração do poeta e expressando suas emoções, seus sentimentos, sua fé. Acho que Rosana (ou Rosanah), deveria buscar canções novas e originais que pudessem da mesma forma expressar sua fé e suas experiências com Deus. O meio evangélico está cheio de bons compositores que certamente estariam abertos à ceder canções para o repertório de uma boa cantora como ela.
Voltar a beber na fonte dos sucessos do passado pode sugerir duas intenções distintas: uma, a de tentar demonstrar que assim como a vida do artista foi mudada, sua obra também pode ser; a outra a de apenas tentar o lucro fácil explorando os dividendos de sucessos antigos. Espero que no caso de Rosanah, sua intenção tenha sido a primeira que citei. Mas mesmo assim continuo achando que é de péssimo gosto e totalmente desnecessário.
Um abraço,
Leon Neto