E o Emmy foi para… Caminhos da Índia!

Pois é; como eu sempre torço contra a rede Globo, tenho que confessar que não gostei da premiação. Ainda mais, porque a dita-cuja emissora vai valorizar a conquista de todas as formas possíveis e por tempo indeterminado. Vai ser uma chateação sem fim…

Além do mais, odeio novela e um prêmio desses vai consagrar ainda mais essa forma de entretenimento e estimular ainda mais a sua produção em território nacional, e talvez até venha a criar novos horários, como se os existentes já não fossem suficientes…

É importante frisar, no entanto que esse Emmy não foi aquele mesmo prêmio, o de maior prestígio da televisão norte-americana; esse, foi a versão internacional do mesmo, uma espécie de “genérico”, assim como o Grammy Latino que é mais o menos como um prêmio de consolação, criado para agradar parceiros internacionais da indústria americana. Ou seja, não tinha nenhum programa norte-americano concorrendo.

A Globo ganhou a estatueta na categoria telenovela, que foi incluída na premiação esse ano pela primeira vez. Uma categoria, aliás, muito pouco prestigiada no Emmy original e também no “genérico”. A Globo se orgulha muito do seu núcleo de telenovelas, das premiações, dos contratos de venda para outros países, mas na verdade, telenovela só é mesmo valorizada em países emergentes e de terceiro mundo.

Aqui nos Estados Unidos, o “soap opera” como é conhecido o gênero telenovela, é tido como depositário de atores moribundos em fim de carreira ou de iniciantes. Ninguém leva muito à serio quem que atua em “Days of Our Lives” ou coisas do gênero. As “soap operas” são exibidas em horários de pouquíssimo prestigio, tipo 2 horas da tarde, onde somente aposentados e donas de casa estão na frente da televisão. Só mesmo no México, Venezuela, Filipinas, China e Cazaquistão, por exemplo é que telenovela é exibida em horário nobre. Ah, e ia quase esquecendo, no Brasil também.

A Globo investe todos os seus recursos materiais e humanos em um gênero popularesco que praticamente não tem concorrentes no mundo. Por isso recebe tantos prêmios. Afinal de contas concorre contra quem? Esse ano teve até um vindo da França (o outro foi das Filipinas), mas certamente não é um veiculo pelo qual a França, país de cineastas brilhantes, é mais conhecida. Do ponto de vista empresarial a rede Globo merece nota dez por apostar em um filão pouco privilegiado pelas grandes redes de televisão do mundo, e fazer dele uma lucrativa ferramenta. Mas do ponto de vista artístico… bem, deixo a nota para vocês darem.

A Globo também foi indicada em outras categorias, como “Seriado” por exemplo, com “Ó paí, Ó!”, realmente um produto de qualidade internacional, prova de que quando a Globo quer, faz programas de bom nível. Sei que muitos cristãos torcem o nariz para esse seriado, por causa da forma caricata com que uma personagem evangélica é retratada, mas, convenhamos que se trata de um sopro de originalidade no meio de uma televisão brasileira que copia tudo e de todos. Esse sim merecia um prêmio. Bom seria se programas desse nível ocupassem os horários nobres da televisão brasileira e não esse enxame de novelas que invadem nossas casas todos os dias.

De toda forma, o prêmio já foi ganho mesmo e todos nós vamos ter que engolir por incontáveis dias a Globo se vangloriando da conquista e mais uma vez tentando capitalizar em cima dela a todo custo. Pois é; no final das contas continua aquela mesma novela de sempre…

Um abraço,

Leon Neto

Comentários