Justin, quem?

Para delírio de milhares de adolescentes histriônicas e total desespero dos pais e mães das mesmas, desembarcou recentemente na América do Sul, para uma série de shows, o ídolo teen Justin Bieber. Em sua passagem por São Paulo e Rio, Justin foi recebido por uma multidão fanática de fãs e retribuiu com algo mais do que um simples show.

Algumas fãs mais exageradas chegaram a acampar por meses (isso mesmo, eu disse meses!) a fio na calçada do Anhembi, só para ver se conseguiriam um lugar mais perto do palco. O empenho em pegar um lugar bom para o show de Bieber certamente impressiona em um país que não é famoso pela pontualidade.

Ah, se as adolescentes tivessem o mesmo empenho na hora da prova do ENEM…

Justin Bieber que até pouco tempo era considerado um prodígio da música pop, bom moço, que sempre se declarou cristão, teve um comportamento bem discrepante dessa imagem, na turnê sul-americana. Justin apareceu todo tatuado, mais parecendo um “rapper”, frequentando “casas de massagem”, cuspindo em fãs, abandonando o palco no meio do show e limpando o chão com a bandeira Argentina. Aquela imagem de bom moço parece que deu lugar a de um rapaz arrogante, desbocado, promiscuo e deselegante; ou seja, Justin degringolou.

Justin, como acontece com a maioria dos ídolos teens, já esta na curva descendente de sua fama. Ainda consegue levar muitos fãs a seus shows e continua sendo um produto rentável para a indústria, mas já não frequenta a mídia como costumava fazer há 2 anos atrás. Isso acontece com todos os ídolos adolescentes por uma razão muito simples; seu público-alvo cresce e toma juízo (bem, pelo menos alguns deles). Basta lembrar de Menudos, Backstreet Boys, Cyclone e outras “coisas” do gênero. Os produtores sabem muito bem disso e tentam ordenhar tudo o que podem dos artistas o mais rápido possível, porque sabem que a carreira de ídolos teen é curta.

Recentemente, Miley Cirrus (Hannah Montana) também deu uma revirada enorme em sua carreira, quando apareceu dançando de forma insinuante e provocante, com quase nenhuma roupa em uma premiação nos Estados Unidos. Claramente uma estratégia de seus produtores em tentar vender uma outra imagem da cantora, para um público mais adulto. Em alguns casos isso funciona, basta ver Justin Timberlake e Rick Martin. O problema é que para a maioria essa mudança de público não funciona e aí começam os conflitos internos, crises existenciais, depressão, envolvimento com drogas. E os produtores não estão nem aí; normalmente já tem outro candidato para a vaga sendo preparado desde muito tempo.

Bieber é uma decepção para o público evangélico, que se orgulhava de ter um bom moço na qualidade de superstar; seu comportamento recente é inaceitável, vergonhoso. Mas, aqui o fenômeno que merece ser analisado, não é o dos cantores/bandas que viram ídolos de adolescentes, mas sim a própria cabeça dos adolescentes. “Justin Biebers” sempre vão existir; ídolos teen são produtos ultra rentáveis e relativemente fáceis de se fabricar. Inaceitável mesmo, é o comportamento das adolescentes histéricas que endeusam o cantor a ponto de perder aula, perder contato com a família, perder senso de segurança, de valores, enfim, perder o juízo. Mais inaceitável ainda é o comportamento de pais que estimulam essa sandice e não incutem valores mais sólidos e profundos em seus filhos, achando tudo lindo.

Certamente é um desafio para famílias cristãs lidarem com a natural busca por ídolos que acontece na adolescência. Mas, há que se semear valores sólidos desde a mais tenra idade, desestimular excessos e proibir comportamentos perigosos a todo custo, que mais cedo ou mais tarde essa fase passa. Ou seja, um pouco de firmeza e paciência, muita paciência…

Portanto, não é hora de sair por aí crucificando Justin Bieber e afins; devemos orar por eles, que dentro de seus jatos particulares e suítes cinco estrelas, estão na verdade tão perdidos quanto as adolescentes que gritam seus nomes freneticamente na plateia; é hora, sempre é hora de olhar pra dentro de casa e repensar a forma como estamos educando nossos filhos.

Um abraço,

Leon Neto

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