O título deste artigo é o mesmo de um dos hinos clássicos da hinódia cristã, escrito por S. F. Adams. O referido hino tem sido instrumento nas mãos de Deus para consolar enfermos no leito da morte ou mesmo para confortar os enlutados que choram a dor da saudade daqueles que se foram. O hino, porém, não expressa apenas os sentimentos daqueles que estão no limiar da morte, mas sobretudo, trata da mais intensa aspiração da alma que anseia pela intimidade de Deus. Destaco aqui quatro pontos importantes:
Em primeiro lugar, o anseio pela presença de Deus vem daqueles nasceram de novo. Oh, quem nasce de novo, anseia pela intimidade de Deus mais do que uma criança anela o colo de sua mãe. Aspiramos por Deus mais do que os guardas desejam o romper da alva. Desejamos Deus mais do que a corça sôfrega aspira pelas correntes das águas. Nada substitui esse anelo por Deus em nosso coração. Ninguém pode ocupar esse lugar indisputável de Deus em nossa vida. Só ele satisfaz a nossa alma. Só nele encontramos plenitude de alegria. Só dele jorra delícias perpetuamente.
Em segundo lugar, o anseio pela presença de Deus vem daqueles que se deleitam na oração. Há momentos que a oração se nos apresenta como uma luta espiritual. Há outras horas que a oração é um clamor em favor de outrem. Por meio da oração chegamo-nos a Deus para adorar, para pedir e para agradecer. Porém, o aspecto mais nobre da oração é quando temos saudades de Deus e buscamos a sua face para nos deleitarmos nele. Deus é melhor do que suas bênçãos. Sua presença é melhor do que suas dádivas. Quanto mais fruímos sua presença, mas desejamos conhecê-lo, amá-lo e glorificá-lo. Os prazeres desta vida e as riquezas deste mundo não podem ser comparados com o gozo inefável de usufruir a maior de todas as alegrias, a alegria de conhecer a Deus na intimidade.
Em terceiro lugar, o anseio pela presença de Deus vem daqueles que amam a Palavra de Deus e nela meditam de dia e de noite. Oh, a Palavra de Deus é mui preciosa. Nela encontramos uma fonte inexaurível de sabedoria, graça e poder. Ela é como mel em nossos lábios. Ela é mais desejável do que muito ouro depurado. Por meio dela nascemos, crescemos e somos fortalecidos. Quando estamos abatidos, ela nos vivifica. Quando nosso caminho fica ensombrecido, ela se torna lâmpada para nossos pés. Quando mais a examinamos, mais somos examinados por ela. Quando mais mergulhamos em suas riquezas insondáveis, mais tesouros descobrimos. Ela é uma torrente caudalosa de delícias para nossa alma. Ouvimos a própria voz de Deus quando a lemos. Temos a própria direção de Deus quando a obedecemos. Conhecemos o próprio poder de Deus quando a proclamamos.
Em quarto lugar, o anseio pela presença de Deus vem daqueles que desfrutam da intimidade com Deus por meio do jejum. O jejum é a abstinência do que é bom pela busca do que é melhor. O jejum é quando abrimos mão do que é temporal, para buscarmos o que é eterno. O jejum é quando nos privamos, temporariamente, do pão da terra, para saborearmos o pão do céu. O jejum é saudade de Deus. É pressa para buscarmos a face de Deus e sermos revestidos com o seu poder. É tempo de termos fome de Deus. Se a nossa alma desejar apenas os manjares da terra, perderemos o sabor das iguarias do banquete do céu. Jejuar é ansiar mais pela presença de Deus do que pelo pão que perece. É desejar mais a Deus do que anelar pelo melhor de suas dádivas. Jejuar é não contentar-se apenas com o melhor da terra, por aspirar algo mais sublime, a intimidade de Deus, o melhor do céu. Oh, que nossa alma cante com toda a sua força, como bradou o poeta: “Mais perto quero estar, meu Deus de ti”.
Rev. Hernandes Dias Lopes