O Natal não foi acidental, mas uma agenda traçada na eternidade. Deus não é pego de surpresa nem usa rascunho em seus planos. Seus planos são perfeitos e não podem ser frustrados. Toda a história registrada no Antigo Testamento foi uma preparação para o nascimento do Messias. Seu nascimento, vida, milagres, ensinos, morte e ressurreição já estavam nos decretos de Deus mesmo antes do universo ser criado.
O Verbo eterno, pessoal, divino, criador, autoexistente e doador da vida se fez carne. Ele sendo Deus, se fez homem; sendo transcendente, esvaziou-se a si mesmo e tornou-se imanente; sendo rico, se fez pobre; sendo o Rei dos reis, se fez servo; sendo santíssimo, foi feito pecado; sendo bendito, foi feito maldição; sendo o autor da vida, morreu pelos nossos pecados.
O nascimento de Jesus quebrou todos os paradigmas e virou a mesa da história. O anjo Gabriel não foi enviado a uma família da nobreza de Roma nem aos afamados religiosos de Jerusalém, mas a uma família pobre, da desprezada e mal falada Nazaré da Galileia. O Senhor não escolheu uma mulher de elevada reputação social, mas uma jovem virgem, desposada com um carpinteiro. O Senhor não escolheu um nobre cavalheiro das altas rodas aristocráticas para ser o pai legal de Jesus, mas um pobre carpinteiro, de uma pequena cidade. O Filho de Deus não entrou na história nascendo num berço de ouro, mas nasceu numa estrebaria e enfaixado em panos foi colocado numa manjedoura, um coxo onde os animais comiam.
O nascimento de Jesus foi marcado pelo ódio do rei Herodes e pela indiferença dos escribas. Tanto o poder político quanto o religioso demonstraram desprezo ao Rei dos judeus. Enquanto os de perto escandalizavam-se nele, vieram os gentios de longe, para adorá-lo. Enquanto o palácio do perverso Herodes tramava sua morte, os pastores, classe desacreditada na época, foi alvo da mensagem especial do anjo do Senhor.
O precursor do Messias nasce de um sacerdote idoso e de uma mulher estéril e ainda avançada em idade. Maria, a mãe de Messias, em seu cântico, Magnificat, proclama uma revolução política, econômica social e espiritual. Maria afirma a soberana intervenção de Deus na história (Lc 1.46-49), o poder de Deus para invadir a história e inverter os valores do mundo (Lc 1.51-53). Maria, a bem-aventurada entre as mulheres, humildemente declara sua profunda necessidade de Deus e alegra-se em sua salvação.
O Filho de Deus, como a verdadeira luz, que vinda ao mundo ilumina a todo homem, foi rejeitado pelos homens, porque estes amaram mais as trevas do que a luz. Ele veio para os seus, mas os seus não o receberam. Mesmo sendo vigiado, odiado, perseguido e espreitado, andou por toda a parte fazendo o bem e libertando os oprimidos do diabo: os cegos viram, os mudos falaram, os surdos ouviram, os coxos andaram, os leprosos foram purificados e os mortos ressuscitaram, mas os seus mancomunaram-se com os gentios para pregá-lo na cruz.
O Filho de Deus nasceu numa estrebaria, cresceu numa carpintaria, dormiu num barco emprestado, entrou em Jerusalém num jumentinho emprestado, reuniu-se com seus discípulos para celebrar a páscoa e inaugurar a Ceia, num salão emprestado. Morreu na cruz e foi sepultado num túmulo emprestado. Desceu o último degrau da humilhação. Mas, a morte não pode retê-lo. Ele saiu da sepultura triunfante. Ele ressuscitou e inaugurou a imortalidade. Ele voltou para o céu e assentou-se no trono. Ele reina e vai voltar pessoalmente, fisicamente, visivelmente, audivelmente, inesperadamente, repentinamente, vitoriosamente. Ele vai assentar no trono e julgar as nações. Ele vai colocar todos os seus inimigos debaixo dos seus pés e lançar no lago do fogo o anticristo, o falso profeta, o diabo, a morte e todos aqueles cujos nomes não estiverem no livro da vida. Então, vai reinar com o seu povo pelos séculos sem fim. A manjedoura e a cruz estão conectadas. O túmulo vazio e o trono estão aliançados. Seu túmulo está vazio, mas seu trono está ocupado. O Pai que o exaltou sobremaneira, ainda continua virando a mesa da história!
Rev. Hernandes Dias Lopes