Péssima escolha…

Tive o desprazer de assistir essa semana, à comédia “Norbit”, estrelada por Eddie Murphy. Não que esperasse grande coisa, mas fiquei um pouco chocado com a grosseria das piadas e a péssima performance dos atores coadjuvantes.

Sempre considerei Eddie Murphy um dos grandes talentos do cinema americano, não apenas pela sua comicidade mas pelo seu talento como ator dramático também. Murphy obteve o reconhecimento da crítica especializada ao receber o “Golden Globe” de melhor ator coadjuvante desse ano por sua atuação em “Dreamgirls” e pela indicação ao “Oscar” na mesma categoria.

Murphy liderava todas as apostas para ganhar também a cobiçada estatueta dourada e era tido até mesmo como barbada. Mas, para surpresa geral perdeu o prêmio para Allan Arkin. Muitos críticos acham que a perda do “Oscar” se deu por conta do lançamento de “Norbit” ter sido bem próximo das indicações. Muitos acham que a volta de Eddie Murphy às comedias histriônicas e descerebradas foi um gol contra e danificou bastante suas chances de sair da noite do “Oscar” com a celebrada estatueta.

Independente de “Norbit” ter tirado as chances de Eddie Murphy ser hoje um “Oscarizado”, fica bem claro para todos que foi uma péssima idéia ter ele se envolvido com o tal filme; após ter ganho todos os prêmios que ganhou com “Dreamgirls”, o comediante poderia ter dado uma reviravolta em sua carreira e passar a ser levado mais à sério por diretores, críticos e público. Perdeu uma ótima oportunidade de trilhar, por exemplo o caminho de Tom Hanks, que começou atuando em comédias bobas, como “Splash” e “A Ultima Festa de Solteiro” e hoje se tornou o grande ator que é.

Péssimas escolhas são bem mais freqüentes do que se pensa. Poucos atores conseguem manter uma seqüência de bons filmes e associar seus nomes a produções de qualidade ao longo da carreira. Poucos são como Anthony Hopkins, por exemplo, que funciona como um selo de qualidade em praticamente todos os filmes que participa. As vezes as más escolhas são justificadas por terem sido feitas em inicio de carreira e outras vezes são atribuídas a erros de agentes; mas na maioria das vezes são mesmo inexplicáveis.

No mesmo (e péssimo!) “Norbit”, a atriz Tandie Newton faz talvez a pior atuação de sua carreira e possivelmente uma das piores da historia do cinema. Tandie é uma atriz bem interessante e que acabou de participar do ótimo “Á Procura da Felicidade” ao lado de Will Smith, onde está ótima e bem convincente. Não consigo imaginar o que passou pela sua cabeça para aceitar participar do infâme “Norbit”.

Outro exemplo bem recente é o da duas vezes vencedora do “Oscar”, Hilary Swank, atuando no patético “A Colheita do Mal”, um filméco de segunda categoria. Não dá pra pensar que a tão respeitada atriz não tenha recebido nenhuma outra proposta melhor.

Mas, na categoria “Péssima escolha”, ninguém ganha de Michael Caine, um ator inglês com mais de 40 anos de carreira e dois “Oscar” em seu currículo. Michael Caine participou de clássicos do cinema como “Zulu”, “O Homem que Queria Ser Rei” e “Hanna e suas Irmãs” (pelo qual recebeu um de seus “Oscar’), mas também de “bombas” inacreditáveis. Veja só a lista de algumas das péssimas escolhas de Michael Caine:

1- “Fuga para a Vitória” (1981) – imagine só juntar Pelé (isso mesmo, o nosso camisa 10!) e Sylvester Stallone(isso mesmo o Rambo!) em um filme sobre futebol na segunda guerra mundial. Pois é isso mesmo onde o Michael Caine foi se meter. Não vale nem a pena falar sobre a trama de tão absurda e cheia de furos que ela é. Mas, se você quiser dar boas risadas com o inglês macarrônico de Pelé, o Michael Caine tentando fingir que sabe jogar bola, ou o Stallone jogando de goleiro, vale até a pena alugar o DVD.

2- “Tubarão 3- a Vingança” (1987) – você levaria à sério uma continuação de “Tubarão” onde o filho do dito-cujo original viajasse até o caribe atrás dos filhos e da esposa do sherife que matou seu pai no primeiro filme em busca de vingança? Pois é; o Michael Caine não só levou à serio como participou dessa catástrofe.

3-“Feitiço do Rio” (1984)– parece que o cinquentão na época, resolveu tirar uma casquinha e fazer cenas “calientes” com a filha de seu melhor amigo, embalado pelas paisagens cariocas ao som de muita lambada (cruzes!). inacreditável, mas está lá no currículo do inglês.

4-“Em Terreno Selvagem” (1997) – nada melhor do que finalizar nossa lista com um filme do pior ator (ator?) da historia do cinema: isso mesmo nosso amigo Michael Caine se envolveu até mesmo em um filme de Steven Seagal! Precisa dizer mais alguma coisa?

Pelo menos, Caine tem a seu favor o fato de ter feito melhores escolhas nos últimos tempos, como os bons “O Grande Truque” e “Batman Begins”. Só nos resta torcer para que ele não tenha uma recaída…

Um abraço,

Leon Neto

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