Em cartaz desde fevereiro, o filme “Bruna Surfistinha” já é uma das maiores bilheterias do cinema nacional deste ano, com mais de dois milhões de expectadores até agora. O filme é baseado nos relatos verídicos de Raquel Pacheco em seu livro “O Doce Veneno do Escorpião”, que por sua vez também foi um fenômeno de vendas.
No livro a autora narra com detalhes explícitos toda a sua trajetória de vida como garota de programa. Não há mensagem alguma em termos de lições ou arrependimentos, mas apenas uma narrativa crua e nua (literalmente) de suas aventuras e desventuras no mundo da prostituição.
Raquel se tornou figurinha carimbada em programas de auditório e foi entrevistada em diversos canais de televisão, se tornando uma celebridade nacional. Diante de tanto sucesso, não tardou muito para que seu livro ganhasse os contornos da tela de cinema, e uma produção de Marcus Baldini e que conta no elenco com Deborah Secco, Cassiano Gabus Mendes e Drica Moraes entre outros. Tal qual o livro, o filme “Bruna Surfistinha” não tem uma mensagem muito aparente e apenas mostra na tela alguns episódios narrados no livro.
A linha do filme me lembra um pouco a de “Meu Nome não é Johnny”, de Mauro Lima, que relata a vida de um ex-traficante de drogas. Os dois são um tanto amorais e se não chegam a fazer apologia ao trafico e à prostituição respectivamente, não os condenam em momento algum. E nem podia ser mesmo diferente, já que ambos personagens da vida real parecem não se arrepender de nada.
Em suas diversas entrevistas, Raquel Pacheco mostra até mesmo um certo cinismo e naturalidade ao falar de suas escolhas, querendo dar a entender que prostituição é tão nobre como qualquer outra profissão. E o pior é que agora com a chegada do filme, o meio artístico todo vem exaltando ainda mais a sua história e a tratando quase como uma freira ou uma filósofa.
Não estou aqui propondo nenhum tipo de malhação publica do filme ou de Raquel, mas é importante colocar as coisas em seus devidos lugares. Não podemos concordar com essa glorificação da prostituição, uma desgraça que infelizmente faz parte da humanidade desde seu inicio. Todas as pessoas de bem deveriam estar empenhadas em combater a prostituição em todas as suas formas e em particular a prostituição infantil que ainda é muito presente no Brasil. Prostituição não tem nada de “vida fácil” e é das piores degradações e humilhações que uma pessoa pode sofrer. E infelizmente poucas igrejas evangélicas tem projetos de evangelização junto à pessoas que vendem seus corpos nas ruas.
Claro que não é um problema dos mais fáceis de se resolver; soluções tem que passar obrigatoriamente por projetos sociais e de educação, que possam oferecer alternativas viáveis para essas pessoas. Mas é sempre bom lembra também, que prostituição só existe por conta da demanda desses cidadãos asquerosos que se escondem por trás de uma fachada de homens de família, mas que na calada da noite usam jovens de ambos os sexos de forma egoísta e mesquinha, como produtos descartáveis.
Jesus mostrou compaixão por prostitutas e mulheres promiscuas, mas nunca deixou de condenar seus estilos de vida, sempre as desafiando a mudar. Prostituição é algo terrível; e o filme “Bruna Surfistinha” não faz absolutamente nada para combatê-la.
Um abraço,
Leon Neto