Transtorno do Pânico: uma comorbidade socioemocional decorrente da Covid-19

Planeta Terra com uma máscara onde está escrito em inglês: "Fique em casa" e "Vamos orar Juntos" (Imagem ilustrativa)

No ataque de pânico que se inicia subitamente e costuma durar em média de vinte a quarenta minutos, observamos alguns sinais e sintomas, dentre eles estão a taquicardia (aceleração dos batimentos cardíacos), dispneia suspirosa (sensação de falta de ar), medo de enlouquecer, sensação de morte iminente, sudorese excessiva, tremores, agitação, formigamentos, dores abdominais (cólicas), dores ou desconforto no peito, náuseas (enjoos), tontura, sensação de engasgo, ondas de calor, calafrios, perda da sensação da realidade.

Falar em perda da realidade é falar em processo dissociativo, ou seja surto. Dissociamos ou seja, surtamos para negar a realidade insuportável que nos acomete. E assim, dissociamos como um mecanismo de defesa psíquica. O diagnóstico deve ser feito a partir de mais de um ataque de pânico ou crise de ansiedade. O ataque de pânico parece surgir do “nada” (esse nada se refere a algo de origem desconhecida ou também conhecida, mas sempre de origem traumática).

O comprometimento comportamental decorrente do pânico gira em torno da evitação de situações relacionadas as ocorrências dos sintomas. Sendo assim, a identificação do quadro seguido do tratamento devem ocorrer o mais rápido possível, para que as rotinas comportamentais não sejam abaladas.

Atualmente, nesse momento de pandemia que estamos vivenciando, o transtorno do pânico tem sido confundido com a síndrome respiratória aguda grave, devido a covid-19, diante disso é importante buscar ajuda psicológica ou médica.

Quando falamos de ataque de pânico eu não posso deixar de mencionar Jacques Lacan quando assegura que o Acting Out é o resultado de uma incapacidade de recordar o passado, ou seja, lembrar não se limita a recordar algo na consciência, mas também comunicar isso, através do discurso direcionado a um outro, que por ser “surdo” não “ouve”. A recusa do Outro para ouvir a mensagem dita por palavras, gera a necessidade de expressá-las por meio de ações.

O Acting Out seria pequenas explosões de gozo, e o gozo seria a realização de desejos inconscientes. O uso comum da palavra gozo no nosso vocabulário como sinônimo de prazer, difere da maneira como Lacan acredita. Pois, o mesmo considera essa ideia como excesso de prazer, um prazer tão insuportável que se apresenta no corpo como um sofrimento. Diante disso, pode-se mencionar o sintoma como sendo a realização de um desejo, e assim vem carregado de dor e culpa. O Acting Out é uma maneira de controlar a angústia, como uma solução paliativa. E quando falar não resolve, o indivíduo passa ao ato. A passagem ao ato é um grito de angústia forte para comunicar algo insuportável.

Então, a passagem ao ato é a vitória da angústia que invade o sujeito. Resultando dentre outras coisas em agir matando, investindo agressividade em si ou no outro, e por fim o suicídio, que assim selaria a vitória da angústia.

Helena Chiappetta

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Helena Chiappetta
Maria HELENA Barbosa CHIAPPETTA é Psicanalista Clínica pela ABRAPSI. É Psicóloga Clínica (CRP - 02/22041), é também Neuropsicóloga. É Avaliadora Datista CORETEPE (CRTP-1041). Tem Especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional, e em Ciências da Religião; Licenciatura em Filosofia e em Pedagogia, além do Bacharelado em Teologia. É Bacharelanda em Psicanálise, Pós-graduanda no curso de Arteterapia, Pós-graduanda no curso de Psicanálise, Psicopatologia e Saúde Mental, Pós-graduanda em Terapia Familiar. Atualmente é Docente no SEID Nordeste e SEID Uberlândia. É Professora Convidada no Curso de Formação em Psicanálise da SNTPC. Tem experiência como docente de Hebraico Bíblico, Psicanálise e Teoria Analítica, Educação Religiosa, Artes, Teologia com ênfase em Ciências da Religião Aplicada e Liderança Institucional. Dedica-se ao estudo das neuroses atuais. É colunista deste Portal Folha Gospel. E-mail: [email protected] Instagram profissional: @h.chiappetta
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