Essa semana entra em fase de produção um longa metragem sobre a vida do famoso evangelista Billy Graham. Ate aí nada de surpreendente, já que inúmeros documentários já foram realizados sobre esse gigante do evangelismo mundial. Mas, dessa vez trata-se de uma superprodução Hollywoodiana, com orçamento milionário e com a intenção de ser distribuído no mercado cinematográfico secular, como qualquer outro filme.
Com o título provisório de “Billy-The Early Years” (algo como “A Juventude de Billy Graham”) filmagens estão agendadas para ter início ainda essa semana em Nashville, no estado do Tennessee. A produção do filme esteve recentemente aqui no campus da Liberty University, e dois alunos conseguiram ser aprovados para papéis de destaque no filme, assim como vários outros, que foram contratados como figurantes, em um elenco que conta com nomes como Martin Landau (Oscar por seu papel de Bella Lugosi em “Ed Wood”) e Lindsay Wagner ( a “Mulher Biônica”). A produção tem causado bastante burburinho no meio evangélico americano, e o filme que ainda nem começou a ser filmado, já ganha contornos de arrasa-quarteirão.
Billy Graham, que anda com a saúde bastante debilitada e que sofreu um duro golpe recentemente com a morte de sua esposa, Ruth Bell, certamente merece todo o reconhecimento possível. Dedicou grande parte de sua vida de mais noventa anos à pregação do evangelho ao redor do mundo. Esteve no Brasil várias vezes e numa delas tive o privilégio de estar presente em uma de suas cruzadas evangelísticas. Suas mensagens sempre foram extremamente práticas e objetivas, sem firulas ou demonstrações de academicísmos ou teologismos, mas sempre a mais pura e clara tradução da mensagem do evangelho. Sua preocupação sempre foi a de ganhar almas e não a de estabelecer um império eclesiástico.
Billy Graham nunca pregou teologia da prosperidade ou evangelho de auto-ajuda, nem teve medo de ser politicamente incorreto, quando necessário. Nunca se auto- proclamou profeta, apóstolo, ou milagreiro, mas tem sido muito mais efetivo na pregação do evangelho do que esses fanfarrões que querem ganhar adeptos no grito. Em todas as milhares de entrevistas que deu, em televisões e rádios do mundo inteiro, jamais perdeu a oportunidade de anunciar o plano da salvação, ainda que de forma rápida; exemplo seguido por seu filho e sucessor de ministério, Franklin Graham.
Se Billy Graham fosse católico, provavelmente já teria virado santo há muito tempo. Certamente já teria aparecido gente vendo sua imagem em biscoitos, vidraças, milagres teriam sido atribuídos a ele e outras panacéias do gênero.
Mas, certamente Billy Graham também cometeu erros como qualquer outra pessoa. Ele foi capelão oficial de muitos presidentes norte-americanos e teve livre acesso à Casa Branca por vários mandatos seguidos. Foi ele inclusive que aconselhou o casal Bill e Hillary Clinton quando do escândalo sexual daquele presidente com uma estagiária. Graham foi criticado por nunca ter se manifestado sobre a guerra do Vietnã ou sobre o escândalo “Watergate”, que derrubou o presidente Richard Nixon.
No governo Nixon, por sinal, o vazamento de gravações de conversas de Billy Graham com o então presidente gerou muita polêmica. Nessas gravações, Billy Graham teria, supostamente feito comentários anti-semitas. O evangelista negou o fato, mas em 2002 novas provas vieram à tona e ele precisou vir a público e se desculpar oficialmente.
Provavelmente o filme não irá tratar dessas questões, já que será centrado na juventude de Graham . De qualquer modo, mal posso esperar para conferir o resultado final dessa empreitada e principalmente o impacto que irá causar no profano meio do “show business”.
Afinal de contas, não é todo dia, infelizmente, que pastores e evangelistas ganham espaço na mídia secular por sua integridade e coerência e não por escândalos sexuais ou financeiros.
Um abraço,
Leon Neto