Um estudo que se aventura fora dos temas clássicos da agenda do diálogo teológico com vistas à unidade procura ajudar igrejas a se defrontarem suas diferenças em assuntos morais.
Na reunião plenária da Comissão de Fé e Constituição do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), reunido em Creta, Grécia, de 7 a 13 de outubro, teólogos, teólogas, pastores, pastoras, observadores e convidados, num total de 150 pessoas, participaram da segunda fase do projeto de estudo “Discernimento moral nas igrejas”.
Eles analisaram quatro casos de estudo sobre temas morais que atualmente causam divisões entre as igrejas e, às vezes, dentro delas.
Os temas escolhidos foram: homossexualidade na Comunhão Anglicana, proselitismo por parte de igrejas evangelicais do Ocidente na Rússia, pesquisa com células tronco entre protestantes e católicos romanos na Alemanha, e a posição adotada pela Aliança Mundial de Igrejas Reformadas sobre globalização econômica.
“Os casos de estudo utilizam exemplos concretos e controvertidos”, explicou John Gibaut, sacerdote anglicano canadense e diretor da Comissão Fé e Constituição. “Mas nosso interesse neles não reside no conteúdo destas questões, senão nas metodologias empregadas para abordá-las”, explicou.
O objetivo do estudo é “oferecer uma resposta construtiva aos conflitos em torno de assuntos morais em e entre as igrejas”, explicou Rebecca Todd Peters, acadêmica presbiteriana estadunidenses que é co-moderadora do projeto. No entanto, é demasiado cedo para saber que forma concreta como será essa “resposta construtiva”, adicionou.
“Se não é possível superar as diferenças”, explicou o sacerdote católico belga Frans Bouwen, vice-moderador da Comissão Fé e Constituição e co-moderador do estudo, “apontamos que ao menos é possível permanecer em diálogo e evitar que esses temas dividam as igrejas”.
Segundo Gibaut, a proposta é a de elaborar materiais e propor metodologias fundamentadas ecumenicamente para guiar as igrejas em seu discernimento e em sua tomada de decisões em torno de questões morais.
O exercício proposto aos participantes na reunião de Creta demonstrou os desafios que esse tema representa. Em alguns grupos de trabalho, os participantes tiveram dificuldades de se manterem afastados de uma discussão do ponto de vista moral nos casos apresentados, quando deveriam se focar na análise do aspecto metodológico, como as respectivas igrejas ou tradições chegaram a formular esses pontos de vista.
“Apesar de certas dificuldades para compreender a metodologia proposta, que pode ter dado lugar a certa confusão ou frustração”, disse Rebecca Peters, “esta conversa foi em e por si mesma uma experiência muito rica”.
O próximo passo no estudo será a análise dos relatórios dos grupos de participantes. O projeto de estudo de estar concluído antes de 2012, para ser apresentado à X Assembléia do CMI em Busan, Coréia, em 2013.
Integrada por 120 teólogos e teólogas designados oficialmente pelas igrejas membros do CMI,pela Igreja Católica Romana e outras igrejas, e provenientes de todas as regiões do mundo, a Comissão Plenária Fé e Constituição é considerada como o mais amplo foro mundial de diálogo teológico pela unidade das igrejas cristãs.
Fonte: ALC