A compra da TV Record pela Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), realizada há quase vinte anos, pode estar relacionada à prática de suposto crime de lavagem de dinheiro, que envolve 14 pessoas.

Na semana passada, um relatório que aponta para indícios de ilegalidade na aquisição da emissora foi encaminhado pela Polícia Federal à Justiça Federal e ao Ministério Público Federal. Apesar de ninguém ter sido indiciado, o inquérito cita os nomes do bispo Edir Macedo Bezerra; de Silvia Jane Hodgi Crivela, mulher do senador Marcelo Crivela; do ex-deputado federal Odenir Laprovita Vieira; de Carlos Alberto Rodrigues, o bispo Rodrigues; e do empresário Múcio Athaíde. Esta é a última fase de investigação e caberá ao MPF decidir se abre processo formal.

Dados do relatório de dez páginas ao qual o jornal O Globo teve acesso e que é assinado pelo delegado federal Hélio Khristian, da Delegacia de Polícia Fazendária, da PF do Rio, comprovam que dos quatro crimes supostamente identificados na negociação da TV, três estão prescritos: falsidade ideológica, sonegação fiscal e crime contra o sistema financeiro. Apenas o crime de lavagem de dinheiro permanece.

A investigação pela Polícia Federal começou no início da década de 90, quando entre os compradores da TV Rio — que virou TV Record —, foram identificadas pessoas de classe média baixa sem lastro financeiro para participar da transação. Segundo documentos obtidos pela PF à época, o grupo teria conseguido empréstimos de US$ 20 milhões das instituições financeiras Investholding e Cableinvest, sediadas respectivamente nas Ilhas Cayman e na Ilha de Jersey, conhecidos paraísos fiscais. A PF frisa que essas empresas eram mantidas pela Iurd na época das negociações. Ainda de acordo com o relatório, fiéis e frequentadores da Igreja, citados nas investigações, teriam sido usados como “laranjas”, obtendo empréstimos milionários usados na compra da rede de TV. Entre eles, há um pedreiro, um comerciante, um farmacêutico e um militar da reserva. O escândalo do uso de “laranjas” para a aquisição da TV Record do Rio veio à tona em 1996.

Segundo a advogada Denise Provasi Vaz, que defende a Iurd, a legalidade da compra da Record já foi comprovada em um outro inquérito da Polícia Federal que, segundo ela, foi arquivado. Em nota, afirmou ainda que a atual investigação não envolve a igreja.

[b]Fonte: Bahia Notícias[/b]

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