O presidente licenciado da Congregação Israelita Paulista (CIP), Henry Sobel, de 63 anos, negou nesta segunda-feira (30) que tenha intenção de mudar-se para os Estados Unidos e de abandonar o cargo que ocupa há 34 anos na entidade. “Pretendo ficar aqui até o resto da minha vida”, afirmou.

Sobel disse que os rumores sobre sua transferência e contratação de um novo rabino são “fofoca da oposição, sem fundamento nenhum.” Em licença médica desde março deste ano por motivos de saúde, disse que pretende reassumir o cargo no final de agosto.

De acordo com Sobel, o rabino Ruben Sternschein, que visita a CIP neste mês, vai passar por uma experiência e pode ser contratado para realizar trabalhos complementares ao seu. “ A idéia é complementar. Estamos querendo ampliar o trabalho do rabinato. Um rabino não vai substituir o outro, pelo contrário”, afirmou.

A contratação de rabino auxiliar, de acordo com Sobel, já ocorreu outras vezes em suas mais de três décadas de rabinato. “É praxe”, afirmou. Sobel, no entanto, disse que ainda não há garantias de que Sternschein vá ficar. “A gente não conhece ele bem. É prematuro falar em contratá-lo”, afirmou.

Questionado sobre a oposição que mencionou no início da conversa por telefone com o G1, Henry Sobel afirmou: “ Eu não conheço um rabino no mundo que não tenha oposição. O rabino, como líder, não pode agradar a todos”, afirmou.

Sobel afirmou que está recuperado do problema de saúde que o afetou em março. Um dos principais nomes da luta pelos direitos humanos no Brasil durante o regime militar, Sobel foi flagrado furtando gravatas de lojas de grife em Miami. Preso e liberado sob fiança, ele retornou ao Brasil, onde cumpre a sentença da justiça americana que o condenou a prestar serviços comunitários.

Médicos do Hospital Albert Einstein que o atenderam disseram que ele exagerou no uso de remédios contra depressão, o que pode ter alterado seu comportamento. Sobel reconheceu o , pediu perdão e recebeu solidariedade de líderes políticos e religiosos. “Graças a Deus, aquele problema foi superado”, disse. A assessoria da CIP confirmou que o rabino de origem argentina será um reforço para a preparação do período de festas judaicas, que começam em setembro.

Entenda o caso

O rabino foi preso no dia 23 de março, segundo a polícia norte-americana, após ter sido flagrado pela câmera da loja Louis Vuitton em Palm Beach. Detido, foi fichado por furto, passou a noite em uma cela e foi liberado no dia seguinte depois de pagar fiança de US$ 3 mil (R$ 6.200, na época).

Segundo notícia publicada na quinta-feira (29) no site do jornal “Palm Beach Daily News”, um funcionário da loja da marca Louis Vuitton ligou para a polícia, por volta das 12h30 (horário local), afirmando que teria visto um cliente deixar o local de forma suspeita.

Ao verificar o vídeo, a polícia constatou que um homem teria pego uma gravata. Depois, teria dobrado o objeto e saído da loja de mãos vazias. Mais tarde, a polícia diz que encontrou o homem andando na rua. O homem teria se identificado como o rabino Henry Sobel.

Sobel teria inicialmente negado o furto, mas se ofereceu para pagar a gravata. Mais tarde, diz a reportagem, ele teria autorizado a polícia a revistar seu carro.

O rabino teria, então, mostrado à polícia uma sacola com outras quatro gravatas – das marcas Louis Vuitton, Giorgio’s, Gucci e Giorgio Armani – e teria, segundo a polícia, admitido ter levado os produtos de lojas sem pagar. O valor total das gravatas é US$ 680, o equivalente a R$ 1.400.

De volta ao Brasil, o rabino chegou a ficar internado uma semana no Hospital Albert Einstein para tratamento. Ele afirmou que usava medicamentos que podem causar “confusão mental”. Segundo o hospital, Sobel teve um episódio de “transtorno de humor”, com sinais de “descontrole emocional” e “alterações de comportamento”.

Fonte: G1

Comentários