Familiares e amigos de Chalanseth o recebem emocionados na saída da prisão, após 10 anos de cativeiro.
Familiares e amigos de Chalanseth o recebem emocionados na saída da prisão, após 10 anos de cativeiro.

Gornath Chalanseth, um dos sete cristãos condenados à prisão perpétua pelo suposto assassinato de um indiano swami hindu em Orissa, em 2008, foi libertado sob fiança pela Suprema Corte da Índia, no dia 21 de maio.

Durante todo este tempo, vários pedidos de soltura foram apresentados, mas o Supremo Tribunal de Odisha rejeitou a todos. O último foi aceito, mas apenas para Chalanseth. Ele e outros seis cristãos foram condenados à prisão perpétua pelo terceiro juiz em seu caso, depois que os dois primeiros foram afastados.

Um ex-juiz da Suprema Corte, Cyriac Joseph, e o ex-juiz do Tribunal Superior de Kerala, P K Shamsuddin, criticaram os atrasos na audiência do apelo dos sete homens.

“Esse atraso é uma falha do sistema judicial. Em um processo, o recurso pode ser adiado por diversas razões. Mas, neste caso, não há razões técnicas para mantê-lo pendente. Parece estar deliberadamente atrasado, talvez para que seja levado a um juiz adequado”, explicou o juiz Joseph há um ano.

Em entrevista ao World Watch Monitor, já em liberdade, Chalanseth declarou: “Quando fomos condenados foi um choque. Foi terrível para mim quando fui posto atrás das grades por assassinato, apesar de ser inocente. Foram 10 anos, cinco meses e seis dias na prisão… agradeço a Deus pela liberdade. Minha alegria não tem tamanho. Aos poucos, encontrei consolo em oração, que me deu paz de espírito e eu sempre permaneci disciplinado na cadeia”, relembrou o cristão.

Impressionados com a sua conduta, os funcionários da prisão fizeram dele um “guarda” para vigiar mais de 40 prisioneiros. “Eu tive a liberdade de me movimentar livremente por 12 horas todo dia e não fiquei confinado à cela. Quando a notícia da fiança da Suprema Corte chegou, o chefe da prisão perguntou: ‘Como vamos encontrar um substituto para você como guarda?’”, disse Chalanseth com orgulho.

Ao sair da prisão, Chalanseth teve uma recepção emocionada. Mais de duas dúzias de irmãos e familiares o aguardavam para recepcionálo. “Este é o dia mais feliz da minha vida”, disse Rutha, esposa de Chalanseth enquanto esperava a soltura do marido com um buquê de flores nas mãos. Todos fizeram uma viagem de cinco horas para estarem na prisão e receber Chalanseth.

Depois de saudar sua família, Chalanseth foi conduzido a uma igreja e declarou sua profunda gratidão com lágrimas de alegria que escorriam pelo rosto. Mas, enquanto experimentava a alegria de sair em liberdade do cativeiro de uma década, Chalanseth disse ter uma tristeza: “Estou feliz com a minha liberdade, mas há outros inocentes na cadeia. Seis dos meus irmãos inocentes ainda estão presos”.

As condenações dos irmãos chocaram toda a comunidade cristã da Índia. Um site dedicado ao caso, descreve as principais discrepâncias e injustiças no caso contra os cristãos.

“O tribunal julgou os sete acusados e os sentenciou à prisão perpétua com base em uma teoria conspiratória cristã, apesar de quase nenhuma evidência credível ser apresentada ao tribunal”.

O site reclama, ainda, que essas discrepâncias dentro do caso eram aparentes desde o início do processo, quando os fundamentalistas hindus culparam, sem provas, os cristãos pelo assassinato de um indiano swami.

Fonte: Comunhão com informações de Portas Abertas e World watchmonitor

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