Um escritor e professor cristão universitário está alertando famílias sobre a urgência de se livrar de “forças destrutivas” e “ideologias” que tornaram a vida em família insustentável.
No livro, “The Recovery of Family Life: Exposing the Limits of Modern Ideologies” (“A Recuperação da Vida em Família: Expondo os Limites das Ideologias Modernas”), o professor Scott Yenor, da Universidade Estadual de Boise, em Idaho (EUA), analisa o colapso da Família e os fatores que contribuíram para isso.
O livro é uma espécie de sequência da sua primeira obra, na qual ele traçou os fundamentos filosóficos que minaram famílias por séculos. Seu lançamento mais recente enfoca especificamente os últimos 50 anos, examinando fatores como a revolução sexual, o feminismo moderno, a teoria da liberação sexual e o liberalismo contemporâneo.
A ideia de que o Homem é totalmente independente significa “que os seres humanos não dependem de nenhum outro ser humano em particular, que o amor não deve ser uma paixão ou virtude dependente, mas sim vem somente depois de terem alcançado um tipo de autossuficiência ou independência das pessoas”, disse Yenor em uma entrevista ao site ‘The Christian Post’.
O professor e escritor destaca que essa visão individualista invadiu a visão das pessoas sobre como deveriam viver suas vidas. Para exemplificar isso, Yenor lembrou que atualmente, mesmo entre os cristãos professos, ter um bom emprego é muito mais priorizado do que se casar e ter filhos.
“A visão mais antiga e mais cristã implica dependência para o bem comum em um mundo incerto”, lembrou o professor.
“Especialmente no cristianismo de classe média e classe média alta, muitas pessoas aderem acidentalmente a isso [individualismo] porque faz parte do ar que respiramos. É essa ideia de que precisamos ser independentes e autossuficientes, e que apenas envolve uma redução do casamento e da vida familiar na ordem de nossas vidas e no círculo de nossas afeições”, disse.
Yenor acrescentou que esse pensamento desencadeia algumas outras coisas profundas, como casamento adiado, menos filhos, menos casamentos e considerar a coabitação como algo moralmente aceitável.
Feminismo e liberalismo moral
Outra força que destruiu a vida familiar foi o impulso feminista para fazer as mulheres agirem mais como homens e acabar com todos os tabus sexuais, explicou ele. Também ameaçadora é a ideologia do liberalismo contemporâneo, afirmou o professor, que define como a visão que afirma que o Estado deve ser neutro em conflitos morais. Por ser neutro, isso permite que todos exerçam sua autonomia e direitos pessoais, mas isso é impraticável.
A vida familiar não pode ser promovida na lei ou nas políticas públicas se o ambiente social não for propício para casar e ter filhos, explicou. E não há soluções de curto prazo, nenhuma alavanca econômica única que possa ser usada.
“Os princípios da área da teoria da liberação sexual terão que ser amplamente criticados e revertidos de como a sociedade aborda a educação para que haja qualquer recuperação e movimento em direção à vida familiar”, disse ele ao CP.
Grande parte do movimento conservador e cristão que lida com as questões da família minimizou os fundamentos ideológicos e, portanto, falhou em abordar a raiz do problema. Sem reconhecer a gravidade dessas ideologias, será difícil fazer progressos, diz Yenor.
“Eu sou a favor do aumento do crédito tributário infantil. Este é um sucesso, estabelecido pela primeira vez na década de 1990, e tem aumentado com o tempo”, disse ele sobre uma política pública defendida por cristãos de tendência conservadora que visa incentivar as famílias .
No entanto, as taxas de natalidade e de casamento ainda estão baixas; um crédito fiscal, por mais útil que seja, ainda ignora as questões maiores.
Questionado se ele acha que a pandemia do coronavírus gerou algum benefício, visto que facilitou uma maior conexão familiar e fortaleceu muitos lares em meio à crise, Yenor disse que qualquer benefício tem sido para certos segmentos da população. Os ricos ficaram mais ricos, os pobres ficaram mais pobres, não apenas economicamente, mas emocionalmente, disse ele.
Fórmula do “sucesso”
Além de abordar as ideologias na raiz, ele exorta os cristãos americanos a repensar a mentalidade predominante sobre a preparação dos filhos para a vida familiar. O que é apresentado na cultura como a fórmula do sucesso leva muitos a obter uma educação universitária, estabelecer uma carreira e considerar a formação de uma família depois disso.
Essa ética dos pais que se concentra no desenvolvimento profissional e no bem-estar econômico é fundamentalmente mal colocada, uma vez que obter diplomas e a segurança financeira não é a solução para todos os males, afirma ele.
“As coisas da carreira, de certa forma, cuidarão de si mesmas”, disse Yenor.
“A parte que é mais difícil de moldar na alma de seus filhos, no futuro, e em suas mentes, é a centralidade de amar outro ser humano e se entregar a esse ser humano sacrificialmente ao longo da vida, e todas as coisas difíceis que isso envolve. Nós não ensinamos mais isso aos nossos filhos, tanto quanto foi feito nas gerações anteriores”, alertou.
Para aqueles que querem defender as famílias daqui para frente, Yenor aconselha que eles lembrem que as ideologias que cercam a cultura não prometem levar felicidade às pessoas e ensinam que a família compromete a autonomia individual.
“Mas o que há de tão ruim nisso? Os seres humanos são feitos para a felicidade e a virtude. E uma das melhores maneiras de se conseguir isso é no casamento e na família”, acrescentou.
Fonte: Guia-me com informações de The Christian Post