A Tunísia, país que desencadeou a Primavera Árabe há dez anos, está lutando para “gerenciar a diversidade e o pluralismo” na sociedade, diz um novo relatório sobre a liberdade de crença no território.

O “Relatório de Liberdade Religiosa 2020”, publicado pela Attalaki, uma organização de Direitos Humanos com sede na Tunísia, disse que a política de Estado considera as minorias religiosas mais como uma ameaça do que como uma força para o bem da sociedade.

A Constituição da Tunísia reconhece o islã como a religião do Estado, mas garante a liberdade religiosa. Não há leis que criminalizam a blasfêmia ou a renúncia à fé. “Os cristãos podem frequentar igrejas internacionais, mas a pressão social e familiar continua sendo obstáculos”, disse um parceiro da Portas Abertas na região.

“Ainda não há igreja tunisiana reconhecida pelo governo e os serviços de segurança estão monitorando os cristãos tunisianos. Sabemos que, em várias ocasiões, policiais à paisana tentaram se infiltrar em grupos, apresentando-se como cristãos”, completa o parceiro.

Aumento da violência

Nos últimos anos, o país do Norte da África subiu na Lista Mundial de Perseguição, principalmente por causa do aumento de incidentes registrados envolvendo violência. Atualmente, o país ocupa o 26º lugar na Lista Mundial da Perseguição 2021.

Em 2020, as pesquisas registraram uma série de ataques a igrejas domésticas por “radicais islâmicos, espalhando medo na comunidade cristã mais ampla”, disse o relatório. No dia a dia, no entanto, os cristãos enfrentam a maior pressão da família, dos amigos e da comunidade.

O discurso que incita a violência contra os cristãos nas redes sociais também está aumentando, disse o relatório de Attalaki. Um casal de pregadores muçulmanos foi gravado pedindo o assassinato de cristãos e outras minorias religiosas, os acusando de serem espiões estrangeiros e opositores ao islã.

“Embora o discurso de ódio e incitação contra minorias religiosas tenham sido monitorados, essas leis relacionadas a essas questões só são aplicadas quando se trata de proteger a religião islâmica”, aponta o relatório. A discriminação, a exclusão social e os ataques que muitas vezes ficam impunes fazem com que as minorias da Tunísia se sintam cidadãos de segunda classe, completa o documento.

Fonte: Portas Abertas

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