“Eu via meu pai todos os dias de manhã orando, ele orava 3 vezes ao dia. Agora é muito difícil não vê-lo nem a minha mãe. Meu irmão mais novo toda vez que tem de ir para a escola, me abraça e chora muito. Ele está traumatizado e não quer ir para a escola”.
Estas foram as palavras de Ruth Rigal, filha dos pastores Ramón Rigal e Ayda Expósito da Igreja de Deus em Cuba. Eles, que foram sancionadas pelo Tribunal Municipal Municipal de Guantánamo em abril deste ano e presos, condenados por dois anos e 18 meses, respectivamente.
Segundo as autoridades cubanas, eles foram condenados por crime de ‘atos contrários ao desenvolvimento do menor’ e ‘associação ilícita’.
O casal optou por educar seus filhos em casa, Ruth Rigal, 13, e Joel Rigal, 9, com a ajuda do Colégio Hebron da Guatemala, que os aconselhou a ensinar em casa com CDs e material impresso, além de algumas aulas pela internet.
Segundo Ruth, os pais foram levados logo na primeira hora da manhã e o material foi apreendido “Eles estavam em roupas civis e vasculharam toda nossa casa”, conta.
Após o julgamento, funcionários do governo informaram Nori María Rodríguez, a avó paterna das crianças, que se não levassem as crianças para a escola, as mandariam para a Pátria (instituição para crianças sem lar, similar à Fundação Casa brasileira), e que iriam tirar os direitos dos pais sobre as crianças, bem como dos avós.
Durante a visita de um pastor, Ruth pede para ver sua mãe novamente: “Eu quero ter a família antes e esquecer tudo isso, mas isso é impossível”. Seu rosto parece cansado de chorar, assim como o de sua avó, que cuida dela e de seu irmão Joel.
A Portas Abertas por meio da igreja cubana, enviou ajuda financeira para apoiar as despesas diárias com alimentação e deslocamento.
Esta situação de perseguição não é algo novo. Em 2017, eles foram condenados por não mandar seus filhos, de 7 e 11 anos, para a escola. O pastor recebeu uma sentença de um ano de trabalho correcional sem ser preso, enquanto sua esposa passou um ano em prisão domiciliar.
De acordo com Ruth, no dia do julgamento, seus pais chegaram sem um advogado, porque foram notificados apenas meia hora antes e era impossível conseguir uma defesa em tão pouco tempo.
Apesar de não configurar na Lista Mundial da Perseguição 2019, Cuba compõe o grupo de países em observação, ocupando a 59ª posição
Liberdade religiosa limitada
De acordo com os artigos 18 e 26 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, os pais têm o direito de escolher a educação que desejam para seus filhos, bem como reconhecer a liberdade de pensamento, consciência e religião.
A nova Constituição cubana promulgada em abril de 2019, em seu artigo 57 reconhece a liberdade religiosa, mas isso é limitado devido a diferentes impedimentos, incluindo que as denominações religiosas não têm permissão para construir novos templos, conduzir a mídia para evangelizar ou próprios centros educacionais religiosos.
O regime de educação do regime cubano desde 1960 nacionalizou a educação e se apropriou dos estabelecimentos de ensino em todo o país, impedindo que qualquer outro meio participasse da formação do conhecimento da criança. O Estado desenvolveu um plano de doutrinação socialista através de faculdades e universidades.
Cristão cubano visita o Brasil
Entre os dias 22 de agosto e 9 de setembro, o pastor Reginaldo*, de Cuba, estará visitando o Brasil, e fará visitas em diversas igrejas, contando como é ser cristão em Cuba.
Para mais informações e até recebê-lo em sua igreja, acesse https://www.portasabertas.org.br/artigo/correspondente-internacional
*Nome alterado por motivo de segurança
Fonte: Portas Abertas