Integrantes da tribo Lambani, no Estado de Karnataka, na Índia, proibiram o pastor Revanna Naik e sua congregação de se reunirem no domingo 29 de outubro. Além de proibi-los, eles forçaram os cristãos a se prostrarem e adorarem deuses hindus.

O incidente aconteceu na remota vila Kurumaradikere, distrito de Chitradurga. Três das 11 famílias cristã da igreja se recusaram a se prostrar perante os ídolos, ou a tomarem parte nas oferendas que indicariam aliança com as divindades hindus. O conselho local ordenou que a vila excluísse aquelas famílias.

Sajan George, presidente nacional do Conselho Global de Cristãos Indianos, disse à agência de notícias Compass: “Os Lambanis irão sentir bastante essa exclusão [da tribo], porque essa é uma tribo bastante voltada para os clãs. Essa é a pior forma de punição que poderia ser dada a esses cristãos que permaneceram firmes em sua fé”.

O inspetor de polícia da região deu ordens para o pastor Revanna não entrar na vila de Kurumaradikere de novo. O pastor mora em Beevamahalli, a 39 quilômetro de distância da vila, e costumava visitar a congregação aos domingos e quartas-feiras. Agora, ele está escondido.

A tribo Lambani observa tradicionalmente os credos rituais e cerimônias hindus.

Os membros da congregação do pastor Revanna, uma igreja evangélica independente, começaram a ter problemas quando se recusaram a participar da festividade anual do “Deepavali”, uma celebração importante para os Lambanis, em 21 de outubro.

As 11 famílias da congregação ficaram com medo de ofender os outros Lambanis. Então elas alegaram que foi por falta de recursos financeiros que não participariam das festividades.

Assim que o pastor Revanna chegou na vila, alguns homens de lá o informaram que os líderes locais (“panchayat”) haviam marcado uma reunião com ele e sua igreja às 9 horas – o horário em que o culto de domingo normalmente começa.

Um contato disse ao Compass que, na reunião, o pastor Revanna foi indagado sobre a fé dos Lambanis que freqüentavam o culto e os estudos. Ele foi questionado sobre os ensinos e instruções passadas aos Lambanis. Perguntaram-lhe especificamente se ele havia dito para os Lambanis não seguirem seus costumes religiosos tradicionais e também rejeitarem as divindades hindus.

A congregação, pobre e iletrada, ficou estarrecida com os ásperos ultrajes e insultos dos panchayat, entre eles havia um grande número de aldeões. O conselho da vila ameaçou os cristãos e molestaram um deles, Nanjunda Naik, agredindo-o várias vezes.

Foi declarado na reunião que, como um gesto de arrependimento simbólico por não terem celebrado o Deepavali, e como sinal de adesão às “práticas e religião Lambanis” eles seriam obrigados a cultuar no templo da vila e comer a oferenda cerimonial “prasad”.

Tremendo de medo, oito famílias cederam às exigências dos líderes da vila, mostrando muita angústia ao cumprir as ordens. O chefe dos panchayat ordenou então que as três famílias que se recusaram a participar fossem tratadas, pelo restante da vila, como excomungadas.

O inspetor de polícia Kavalappa, do distrito de Chitradurga, chegou na vila assim que a reunião terminou. Ele mandou o pastor Revanna “não entrar mais na vila Kurumaradikere”. O pastor, que tem 39 anos, se escondeu, temendo represálias de outros Lambanis ou de autoridades do governo.

O pastor Amar Hosur Manjunath, da Casa de Oração Boas Novas, na vila Pillekerena Halli, disse ao Compass que um político local, Raja Naik, instigou os líderes da vila a perseguir a congregação.

O conselho da vila acusou os cristãos de rejeitar as práticas tradicionais e as festividades hindus e de desdenhar delas. Alguns líderes disseram que o pastor Revanna planejava converter toda a vila ao cristianismo.

Segundo o inspetor Kavalappa, o pastor repreendia os Lambanis por suas práticas religiosas tradicionais, chamando-as de “idolatria”. Os aldeões também objetaram às novas formas de culto religioso aos domingos. “Entretanto, a fim de apaziguar a liderança da vila, eu disse ao pastor Revanna ficar longe dos Lambanis.”

Fonte: Portas Abertas

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