Edna Talib, de 45 anos, era moradora de Arena Blanco, uma aldeia próxima à Santa Catalina, nas Filipinas. Embora ela não tenha ouvido os tiros de 9 de setembro, viu rebeldes da Frente Moro de Libertação Nacional (FMLN) rondando sua comunidade. As estradas que levavam à sua cidade natal foram fechadas.
Segundo notícia da agência Euronews, os conflitos tiveram início porque “a Frente Moro de Libertação Nacional luta, desde 1971, pela criação de um Estado islâmico no sul das Filipinas, zona majoritariamente muçulmana num país católico.” Para melhor compreensão da notícia a seguir, leia “Sem identidade, sem ajuda”.
“Não havia outro meio de conseguir alimento, exceto pelo mar”, disse Edna, que ganhava seu sustento como massagista. “Mas tínhamos de pagar pela banca (barco) e a tarifa custava 150 pesos (cerca de 8 reais). Não tínhamos dinheiro. Após três dias, começamos a passar fome”.
“Nós oramos”, Edna continuou. “Naquele momento, pensei que iríamos morrer de fome ou, então, a tiros. É doloroso ver meus filhos chorando. Resistimos à fome tomando água quente. Fizemos três xícaras com um sachê de café para nós e nossos filhos”.
A pedido de um funcionário cristão, Edna e sua família deixaram Arena Blanco. Havia uma rota através de uma área de mangue, mas era infestada de cobras. A perspectiva de maré alta era elevada, assim como de serem localizados pelos membros da FMLN. Mesmo assim, os sete integrantes da família arriscaram uma fuga.
“Queríamos ir para Zambowood (uma cidade vizinha), mas a polícia não nos permitiu”, disse Edna. “Queriam que conseguíssemos primeiro uma certificação da prefeitura [da cidade] de Barangay [Mampang]. As autoridades municipais pediram nossas identidades. Não adiantou! Então, procuramos outro lugar para ficar. Pensamos em ir para a ‘arquibancada’ (nome popular do Estádio Memorial Joaquin F. Enriquez), mas sabíamos que muitas pessoas já tinham fugido para lá”.
Um funcionário cristão recebeu Edna e sua família em sua casa, enquanto a Portas Abertas providenciava transporte e alimento. Além de Edna, seis outras famílias (um total correspondente a 27 cristãos) deixaram Arena Blanco e foram para outra área, longe do conflito.
[b]Sem um fim à vista, a ajuda continua
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A quatro quilômetros de distância de Santa Catalina, cerca de 500 moradores de Barangay Mampang fugiram quando os rebeldes tomaram a cidade em 12 de setembro. Enquanto isso, foram ouvidos em Tetuan, uma aldeia próxima à Santa Catalina e Santa Bárbara, bombardeios e tiros de metralhadoras de calibre 50. Moradores tentavam, desesperadamente, se refugiar das balas que rasgavam seus telhados.
“A situação ainda não terminou”, disse um colaborador da Portas Abertas na cidade de Zamboanga. “Um morteiro caiu na casa pastoral de uma igreja parceira, danificando-a substancialmente. O pastor também relatou que alguns aparelhos tinham desaparecido, provavelmente devido a saques”.
De acordo com o noticiário local, o conflito armado em Zamboanga, que já entrou em sua terceira semana, obteve, até agora, 118.819 moradores desalojados; além de 12 civis, 3 policiais e 103 rebeldes da FMLN mortos. O toque de recolher continua em vigor das 8h às 17h, e as aulas só foram retomadas em áreas onde não há combate.
A Portas Abertas e seus parceiros em Zamboanga continuam a providenciar auxílio e refúgio a 54 cristãos da etnia Sama e 6 cristãos Tausug, todos de origem muçulmana. Eles estão alojados em uma instalação cristã não revelada.
A reabilitação das áreas afetadas e a reconstrução de casas queimadas ou destruídas em Rio Hondo e Mariki será um desafio. “Nós não sabemos a extensão da destruição que os combates constantes deixaram”, disse o colaborador da Portas Abertas na região. “Precisamos de uma avaliação no local, mas ainda não é seguro entrar nas áreas de conflito”.
“Roupas são uma necessidade imediata”, acrescentou, “assim como utensílios de cozinha e roupas de cama. Os Sama são, frequentemente, os últimos a receber ajuda humanitária. É muito difícil para eles o acesso à ajuda do governo, como alimento, medicamentos, aconselhamento em caso de trauma, porque eles não têm documentos que comprovem residência”.
Entretanto, muitos como Edna esperam e oram para que a guerra termine logo. “Quero muito voltar para nossa casa”, disse Edna à Portas Abertas. “Os pobres, como nós, são as primeiras vítimas de conflitos como este”, compartilhou outra cristã. “Não sabemos como começar tudo novamente. Oro para que o conflito tenha fim o mais rápido possível”.
[b]Pedidos de oração
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Ore pedindo pelo descanso de Deus para os cristãos desalojados em Zamboanga.
Peça por força e sabedoria do Senhor para os colaboradores e parceiros da Portas Abertas envolvidos na prestação de auxílio e refúgio aos cristãos Sama e Tausug.
[b]Fonte: Portas Abertas Internacional[/b]