Culto em uma igreja na China (Foto representativa: Portas Abertas)
Culto em uma igreja na China (Foto representativa: Portas Abertas)

Apesar de durante anos ser o país com maior população cristã do mundo (também em termos demográficos), esta tendência poderá ser revertida, segundo algumas organizações e entidades.

Segundo a agência de pesquisa norte-americana Pew Research, embora alguns jornalistas, acadêmicos e organizações de inspiração cristã insistam que o cristianismo continua a crescer na China e que há uma projeção de que a maioria da população se identificará com esta religião em 2050, dados da Pesquisa Social Geral da China (CGSS) apontam em outra direção.

Entre 2010 e 2018, o CGSS recolheu consistentemente dados de que cerca de 2% da população chinesa se identificava formalmente com o cristianismo, dos quais 90% afirmavam ser protestantes.

Embora alguns sugerissem que a pandemia tinha aumentado as taxas de religiosidade entre os chineses, os pesquisadores recolheram novamente dados em 2021 e descobriram que apenas 1% dos entrevistados afirmaram ser cristãos, abaixo dos 2% nas edições anteriores.

“É importante notar que os dados da pesquisa de 2021 não são diretamente comparáveis ​​com dados anteriores porque os surtos de COVID-19 em algumas regiões da China tornaram impossível alcançar a mesma cobertura que nos dados pré-pandêmicos”, explica a Pew Research.

Variação de dados

É difícil encontrar um dado geral único sobre o estado do cristianismo na China.

Por exemplo, em 2018, a pesquisa realizada pelo Painel de Estudos da Família da China mostrou que até 3% dos entrevistados disseram acreditar exclusivamente no Deus cristão, enquanto 4% acreditavam em outra divindade não-cristã além do mesmo Deus do Cristianismo.

A organização Portas Abertas, que monitoriza o estado da liberdade religiosa dos cristãos em todo o mundo, estima que existam cerca de 96,7 milhões de cristãos na China, o equivalente a pouco menos de 7% do total demográfico.

Além disso, há dez anos, Fung Yang, professor de sociologia na Universidade Purdue, publicou Religion in China: Survival and Revival under Comunista Rule (Religião na China: Sobrevivência e Renascimento sob o Governo Comunista), onde afirmou que, até 2025, China se tornaria o país com mais cristãos no mundo, e que até 2030 o cristianismo representaria 247 milhões de pessoas, superando países de tradição cristã como México, Brasil e Estados Unidos.

Razões para um possível declínio

A primeira razão que poderia explicar o possível declínio do cristianismo na China é a crescente intensidade com que o governo controla todos os grupos religiosos.

A Comissão dos Estados Unidos para a Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF) pediu à Casa Branca que considerasse o gigante asiático como um “país de particular preocupação por se envolver em violações sistemáticas, contínuas e flagrantes da liberdade religiosa, tal como definida pelo direito internacional”.

Além disso, no seu último relatório, analisando o que aconteceu em 2022, disseram que as condições de liberdade religiosa na China “deterioraram-se”.

Embora Pequim tenha renovado o seu acordo bilateral com o Vaticano no final de 2022 por mais dois anos, o que tem a ver principalmente com a nomeação de bispos no país, o governo chinês continuou a controlar as igrejas domésticas do país, bem como a presença de símbolos do Partido Comunista Chinês nas igrejas .

Esse controle também afetou a esfera virtual, censurando a distribuição de pregações e material cristão na internet sem autorização prévia do governo.

A Pew Research sublinha também o “envelhecimento” da população cristã na China, e aponta medidas como a proibição da educação religiosa e de atividades para crianças, o que impede a transmissão da identidade cristã à próxima geração.

Folha Gospel com informações de Evangelical Focus

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