O candidato do PRB ao governo do Rio, senador Marcelo Crivella, pastor licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, procurou durante a sabatina ao jornal “O Globo” nesta quarta-feira desfazer a idéia de que usa a religião para ascender politicamente.
Crivella, disse que não pede voto em igrejas, e que é contra a máxima difundida entre os evangélicos de que “irmão vota em irmão”.
– Eu tenho combatido a frase do “irmão vota em irmão”, até porque, o irmão às vezes é Caim – afirmou, em referência ao personagem bíblico, filho de Adão e Eva, que matou o irmão Abel.
Segundo o senador, o evangélico tem que ser politizado, tem que votar em projetos, em idéias, e não em pessoas que são da mesma fé, apenas por esse motivo. Indagado sobre pastores da Igreja Universal que pedem votos em cultos, dentro dos templos, afirmou:
– Não tenho ingerência sobre isso, nos meus discursos públicos digo que o evangélico não deve ser manipulado, deve examinar propostas. “Irmão vota em irmão” não cola para mim, nunca pedi votos em igreja – argumentou, afirmando que tem mais votos na igreja porque as pessoas o conhecem e acompanham sua vida há mais tempo.
Candidato diz que Cabral é “cabritinho”
Crivella também criticou, durante a sabatina, o ensino religioso obrigatório nas escolas públicas, projeto sancionado pela governadora Rosinha Matheus, que é presbiteriana.
– Religião deve ser ensinada em casa. Não com palavra, mas com exemplos. Admito na escola, desde que seja endógena, não seja imposta, obrigatória.
Mesmo combatendo a máxima “irmão vota em irmão”, Crivella negou que esteja tentando desvincular sua imagem da Igreja Universal na campanha ao governo. Confiante em chegar ao segundo turno, o senador aproveitou para criticar o líder das intenções de voto nas pesquisas, Sérgio Cabral, do PMDB.
– Quem tenta desvincular a imagem é o Cabral. Ele se diz radicalmente neutro, e isso para político não dá. As pessoas já o chamam nas ruas de ‘cabritinho’, Cabral-Garotinho. Eu tenho o maior orgulho de ser membro pastor e bispo licenciado da igreja (Universal do Reino de Deus). Mas não sou senador da Igreja, e sim do estado do Rio de Janeiro – disse.
Crivella: “A igreja não atrapalha, me ajuda muito”
Mas Crivella não deixou de fazer elogios à participação dos evangélicos na política. Para ele, a vida de trabalho, voltada para a igreja e a família, é um exemplo para os demais brasileiros.
– A igreja não atrapalha, me ajuda muito. É bom esclarecer que a participação dos evangélicos na política é legitima. Qual a ética do evangélico? Ele estuda e trabalha a vida inteira. Tem horror de pagar juros só para comprar imóvel. Tem vida ligada à igreja, ao trabalho e à família. Tem poupança. Esse tipo de pessoa é interessante para o Brasil.
E completou:
– Mesmo com a carga tributária altíssima e com a carga de juros enorme, eles conseguem se articular, construir templos imensos e obras sociais extraordinárias. Esse tipo de pessoa se ressalta do conjunto da sociedade. Se todo brasileiro tivesse poupança, a gente não precisaria ter política econômica voltada para o capital externo e o que impede o nosso crescimento.
Indagado sobre sua opinião diante dos projetos que privilegiam igrejas, o candidato respondeu:
– A igreja presta papel extraordinário. Todas deviam ter apoio do governo, mas mantendo a distância.
Marcelo Crivella foi o penúltimo convidado da série de entrevistas com editores e repórteres do jornal “O Globo” com candidatos ao governo do Rio.
Fonte: Globo Online