Crucifixo
Crucifixo

O governo da Baviera, na região sul da Alemanha, gerou uma grande polêmica ao tornar obrigatória a instalação de crucifixos na entrada de todos os prédios públicos do governo, excluindo as representações federais na região. A iniciativa passa a valer a partir do dia 1º de junho. A ação gerou críticas de todos os lados, inclusive da Igreja Católica.

A decisão foi anunciada na semana passada pelo governador conservador Markus Söder, da União Social Cristã (CSU). Para os mais críticos, como o partido nacionalista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), a “cruz cristã está sendo transformada em acessório eleitoral, enquanto os conservadores se recusam a proteger valores básicos com ações reais”, segundo afirmou a co-presidente da AfD Alice Weidel.

No entanto, o governador Markus Söder afirmou que não se trata de uma ofensiva religiosa, mas de “reconhecer a identidade” e “os valores cristãos” dos bávaros. Além disso, Söder afirmou que “a cruz não é um símbolo de religião”.

A Baviera é um dos estados mais católicos da Alemanha, com mais da metade da população filiada à Igreja Católica. Tanto que é normal a instalação de crucifixos em tribunais e escolas da região. “Queremos dar um sinal claro de que as pessoas têm o desejo de enfatizar sua identidade”, afirmou o governador na última quarta-feira, 25, conforme noticiou a Deutsche Welle.

Nem mesmo a Igreja Católica da Alemanha, que é bastante presente na região da Baviera, se calou diante da obrigatoriedade. Segundo o cardeal Reinhard Marx, que chefia a Conferência dos Bispos Alemães e a arquidiocese de Munique, na Baviera, o governo “não compreende a cruz se a enxerga como um símbolo cultural”, afirmou em entrevista ao Süddeutsche Zeitung.

Por outro lado, representantes islâmicos preferiram fugir da polêmica. O presidente do Conselho Central dos Muçulmanos da Alemanha, Aiman Mazyek, garantiu que os muçulmanos não têm problemas com a utilização dos crucifixos, mas lembrou que a “neutralidade do Estado deve ser respeitada”. Juristas, porém, apontam que a decisão do governo estadual fere o princípio de neutralidade, sendo, assim, uma medida inconstitucional.

Outra dura crítica foi feita pelo presidente do Partido Liberal Democrático, Christian Lindner, que comparou o governador Söder ao presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. Lindner destacou ainda que a “Constituição não tem religião”. Já a líder da bancada do Partido Verde, Katrin Göring-Eckardt, que é ligada à Igreja Evangélica da Alemanha, criticou a manipulação do símbolo religioso.

“Por que a CSU não consegue pensar em algo para unir as pessoas em vez de tentar dividir a todos?”, questionou o líder do partido A Esquerda, no Parlamento.

Segundo vem noticiando a imprensa alemã, a iniciativa de Söder é uma jogada política devido à proximidade das eleições regionais, que acontece em outubro e escolherá um novo Parlamento. O receio do governador seria que o seu partido, o CSU, deixe de ter a maioria parlamentar, visto que o partido AfD tem avançado na Alemanha.

Não é a primeira vez que crucifixos causam polêmica na Baviera. Nos anos 1990, um casal sino-alemão entrou com um pedido na Justiça para pedir que uma cruz cristã fosse retirada da sala de aula que sua filha de 10 anos frequentava, em Bruckmühl. Já em 1995, a Justiça alemã entendeu que os crucifixos feriam o princípio de neutralidade. Porém, o governo bávaro conseguiu aprovar uma legislação local para manter a simbologia.

Fonte: Opinião e Notícia

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