O portal Terra denunciou que no último domingo, antes do culto na Assembleia de Deus do Brás – Ministério Madureira (ADBrás), em São Paulo, membros da igreja faziam abertamente campanha.

Dentro do templo, uma funcionária apresentava um formulário e realizava uma espécie de “pesquisa eleitoral”, com a justificativa de “saber como está o desempenho do pastor aqui da casa”. No caso, o candidato é o pastor Cezar Freire (Cezinha), que está concorrendo a deputado estadual pelo DEM.

[img align=left width=300]http://noticias.gospelprime.com.br/files/2014/09/xsamuel-ferreira-299×200.jpg.pagespeed.ic.aUi9fmygWy.webp[/img]As cerca de 5 mil pessoas que foram ao culto receberam uma espécie de cartão-postal assinado pelo pastor Samuel Ferreira, presidente da ADBrás, e sua esposa, pastora Keila Ferreira. A mensagem era clara: “O Cezar hoje é projeto de Deus e de nossa comunidade e precisamos dele na Assembleia Legislativa de São Paulo”. Trazia ainda o nome e o número do candidato. O material pedia ainda votos para o deputado federal Jorge Tadeu (DEM), que deseja a reeleição.

“Apresento-lhe também nosso irmão Jorge Tadeu, para deputado federal. Com ele em Brasília teremos a certeza da defesa e luta pelos nossos ideais”. A mensagem enfatizava: “Peço a você que nos ajude agora com seu voto e sua influência junto aos seus familiares, amigos e conhecidos para conseguirmos mais votos”.

Segundo o portal Terra, a pesquisa informal de intenção de voto não teria problema do ponto de vista legal. Mas a prática de distribuição de material dentro do templo configura crime eleitoral, pois a legislação proíbe “propaganda de qualquer natureza” em locais “de uso comum” (por exemplo: estádios de futebol, bares, restaurantes, cinemas e igrejas). A multa prevista é entre R$ 2 mil e R$ 8 mil.

“O pastor não pode colocar a igreja a serviço da campanha eleitoral de ninguém. Quem está sujeito à multa, neste caso, é o pastor. Se ficar comprovado que os candidatos tinham conhecimento, todos devem pagar”, afirmou o advogado Arthur Rollo à reportagem.

Contudo, durante o culto o pastor Samuel Ferreira apresentou aos fiéis “um cara muito simpático, de uma família tradicional, filho de um desembargador do Tribunal de Justiça, que ajuda a igreja em momentos de dificuldade”. Apresentou então Guilherme Sartori e pede que os presentes agradeçam a Deus e orem pela família, além de gritarem em uníssono: “Guilherme Sartori”.

Contudo, não revelaram abertamente que Guilherme Sartori é candidato a deputado federal pelo PTB. Em dado momento, Guilherme recebe o microfone e afirma estar à disposição da igreja e dos fiéis.

Procurado pelo Terra, defende-se: “Ele (pastor) é meu amigo, fui apresentado como amigo. Sou uma pessoa boa, que quer ajudar as pessoas, ajudar o País. Não tem constrangimento nenhum… Não pedi voto, não fiz panfletagem. Isso é antiético, não se pode fazer isso (na igreja). Como eu sou jovem, tenho que ir (ao culto) para fazer o meu nome ser conhecido. A gente é muito ético. Fica difícil concorrer com esses candidatos que têm muito dinheiro”, justifica.

Arthur Rollo explica que essa prática “não é vedada, mas antiética”. “É claro que fazem isso com o objetivo de conseguir votos. Então não configura ilícito do ponto de vista eleitoral, mas, do ponto de vista ético, é absolutamente condenável. E do ponto de vista religioso também”.

Segundo o Terra, a Assembleia de Deus e pastor Cezinha foram procurados mas não se manifestaram. A assessoria de Jorge Tadeu informa que o deputado “desconhece qualquer prática de propaganda eleitoral irregular em sua campanha”, e que “tomará as providências cabíveis” caso encontre irregularidades.

[b]Fonte: Gospel Prime[/b]

Comentários