A dona de casa Ahlam Abdul El Saifi, 29, teve seu exame para renovar a CNH bloqueado, chamou a PM e registrou queixa na delegacia.
Uma muçulmana foi impedida neste sábado de fazer uma prova do Detran em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, por se negar a retirar seu véu –usado por mulheres islâmicas por motivo religioso.
“Houve discriminação religiosa”, protestou Jihad Hassan Hammadeh, xeque ligado à União Nacional das Entidades Islâmicas no Brasil.
O caso ocorreu às 8h30 no CFC (Centro de Formação de Condutores) São Bernardo.
Ahlam, cuja foto da CNH foi tirada de véu, estava no meio da prova teórica, diante do computador, quando foi informada pela autoescola que precisaria tirar seu véu.
O CFC diz que a ordem foi dada pelo provedor responsável por monitorar os exames do Detran (que são vigiados por câmeras na sala de aula).
Como não é permitido fazer prova com boné e gorro, por atrapalhar a identificação, a alegação era que a regra também valeria para véu.
Além de Ahlam, havia outras duas alunas na sala (que, segundo ela, concluíram seus exames normalmente).
O dono do CFC, Neoclair Santo Silvestrini, disse à Folha que também considerou a proibição “um absurdo”. “Mas ninguém fez por maldade nem discriminação. Foi por medo de ser punido pelo Detran.”
O sindicato das autoescolas diz que houve um mal-entendido –e que a prova da mulher acabou bloqueada por queda do sistema.
O Detran divulgou nota dizendo que “repudia veementemente” qualquer preconceito e “condena” a situação ocorrida pela manhã em São Bernardo do Campo.
O órgão diz que “não há qualquer orientação” de sua parte “que justifique a conduta da direção do citado Centro de Formação de Condutores”.
Segundo a nota do Detran, “mediante a grave denúncia”, será aberto um processo administrativo “para apurar os fatos e tomar as medidas cabíveis, que incluem, inclusive, a possibilidade de descredenciamento da autoescola”.
[b]Fonte: Folha.com[/b]