Contrários à venda de bebidas alcoólicas nos estádios, deputados evangélicos buscam apoio de ruralistas para tentar impor derrotas ao governo no Congresso.
A ideia é que as duas bancadas, que têm mais de 170 deputados, votem unidas nos principais projetos em discussão na Câmara: Lei Geral da Copa e Código Florestal.
A pedido dos evangélicos, os dois grupos tentarão derrubar o artigo que libera explicitamente a venda de bebidas nas arenas durante a Copa de 2014.
Em acordo firmado com a Fifa em 2007, o país se comprometeu a liberar as cervejas nos jogos.
Em contrapartida, os evangélicos apoiariam os ruralistas e votariam a favor do relatório de Paulo Piau (PMDB-MG) do Código Florestal.
O texto desagrada o governo por ter suprimido trecho que previa o bloqueio do crédito para quem não aderir a programas de regularização ambiental em cinco anos.
“Vamos nos unir para o bem do país”, disse o deputado João Campos (PSDB-GO), líder da bancada evangélica no Congresso.
A estratégia de juntar forças foi traçada por Campos e Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também evangélico, e levada para Moreira Mendes (PSD-RO), líder ruralista. O deputado diz que a ideia será discutida por sua bancada na próxima segunda-feira.
Além dos dois grupos, outros deputados insatisfeitos na base ameaçam votar contra o governo nesses pontos. Preocupado, o Planalto estuda adiar as votações.
Com a aliança entre as bancadas, a maioria governista não é suficiente para aprovar os projetos com folga.
Se o acordo for concretizado, não será a primeira vez que a bancada evangélica cria problemas para a presidente Dilma Rousseff. Para tentar acalmá-los, Marcelo Crivella (PRB) foi indicado para o Ministério da Pesca.
Evangélicos também causam embaraço ao ameaçar usar o chamado “kit gay” -material anti-homofobia encomendado pelo Ministério da Educação- contra o ex-ministro Fernando Haddad, pré-candidato do PT em SP.
Criticam ainda os ministros Eleonora Menicucci (Políticas para Mulheres), que se posicionou a favor do aborto, e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), que defendeu uma disputa “ideológica” contra a hegemonia evangélica.
[b]Fonte: Folha de São Paulo[/b]