Uma menina reverenciada no Nepal como uma deusa viva decidiu se ”aposentar” mais cedo e deixar sua condição religiosa.

Sajani Shakya, de 11 anos, é uma das três mais reverenciadas deusas vivas, ou Kumaris.

No ano passado ela já havia sido alvo do noticiário internacional quando teve seu título ameaçado por conta de uma viagem aos Estados Unidos.

Sajani Shakya era a Kumari da cidade de Bhaktapur desde que tinha dois anos.

Tradição única

Por séculos, as três maiores cidades do vale de Katmandu e algumas cidades menores mantêm uma tradição única pela qual uma menina é escolhida na infância para ser uma Kumari.

Para se tornar uma deusa viva, ela precisa passar por testes rituais e precisa ter 32 atributos físicos de beleza.

Ela passa então a viver em uma casa especial e a ser reverenciada tanto por budistas quanto por hindus, inclusive pelo rei do Nepal, até que chegue sua primeira menstruação – o que a tornaria humana.

Em julho do ano passado, alguns altos sacerdotes nepaleses, contrariados com uma viagem que Sajani fez aos Estados Unidos para promover um filme sobre Kumaris, chegaram a retirar seu título, mas ele foi logo dado de volta.

Casamento simbólico

O pai de Sajani disse à BBC que a sua decisão de deixar a condição de deusa viva não teve nenhuma relação com a polêmica do ano passado.

Ela tomou a decisão porque sua família queria que ela passasse por outro ritual religioso, um casamento simbólico, pelo qual a maioria das meninas de seu grupo étnico passam na infância.

A partir da manhã desta segunda-feira, uma elaborada busca começará pelas ruas e praças da cidade de Bhaktapur para encontrar uma nova deusa viva.

Durante sua visita aos Estados Unidos, no ano passado, Sajani lamentou que não seria tão bem tratada quando deixasse de ser uma deusa viva.

Fonte: BBC Brasil

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