A Diocese de São José dos Campos, a 97 quilômetros da capital, enviou ao Vaticano o pedido de canonização do advogado Franz de Castro, morto em 1981 em uma rebelião na cadeia de Jacareí.
O advogado e escritor Mário Ottoboni era diretor de um presídio de São José dos Campos na época da rebelião. Franz de Castro era o vice-diretor. Os dois foram chamados a Jacareí no dia do motim para negociar com os presos. Eles teriam se oferecido como reféns na fuga dos detentos. Ottoboni conta que conseguiu sair da prisão em um carro com os bandidos, que depois o liberaram. Castro não teve a mesma sorte.
– Depois que saí, aconteceu um tiroteio bárbaro. Tanto é que o Franz foi atingido por 35 tiros e todos que estavam lá morreram – relata Ottoboni.
Além de Castro, cinco presos e um policial militar foram mortos no tiroteio.
O Vaticano aceitou o pedido do processo de canonização feito pela diocese. Segundo o pároco da Igreja Matriz, o advogado pode virar santo por ter sido um mártir.
– Ele viveu um martírio. Portanto, a Igreja não requer milagres para iniciar o processo de canonização – explica o padre José Cândido.
O bispo de São José dos Campos, Dom Moacir Silva, informou que não vai se pronunciar sobre o processo de canonização por ele estar ainda na fase inicial. No ano que vem, a Diocese vai formar uma comissão para investigar a vida do advogado.
– É um processo longo, porque a igreja é cuidadosa neste caso – complementa o padre.
Em Jacareí, moradores ainda se surpreendem com a idéia de que a cidade pode ter um santo.
– Santo? Acho que para virar santo tem que ter feito algum milagre – diz um homem.
Apesar da morte do advogado ter ocorrido em Jacareí, ele vivia em São José dos Campos e era natural de Barra Mansa, cidade do sul do Rio de Janeiro.
Fonte: O Globo