O segundo turno das eleições para o governo fluminense está assumindo contornos de disputa religiosa. Tanto o candidato do PMDB, senador Sérgio Cabral Filho, quanto a candidata da aliança PPS-PFL, deputada Denise Frossard, estão reforçando suas campanhas nas igrejas de diferentes crenças, em busca de votos.

A disposição se reflete nas agendas e em iniciativas dos dois postulantes ao Palácio Guanabara. Denise procura ampliar contatos com a Igreja Católica, já Cabral Filho desistiu do projeto de regularização da união civil de pessoas do mesmo sexo, que alimentava a antipatia de pastores evangélicos.

Juíza criminal aposentada, a postulante do PPS utiliza a imagem de austeridade e seriedade que cultivou no primeiro turno para buscar apoio nas igrejas. Hoje, se encontrará com o bispo de Niterói, na região metropolitana, d. Alano Pena. Amanhã, estará com o cardeal do Rio, d. Eusébio Scheid – que já recebeu o senador anteriormente. Na sexta-feira passada, a candidata se encontrou com d. Dimas Lara, bispo auxiliar ligado à questão das prisões.

‘Fui em busca de soluções para os presos, para que não aconteça no Rio o que aconteceu em São Paulo’, declarou ontem a juíza.

Cobiçando os votos evangélicos, Cabral Filho anunciou na sexta-feira que retiraria seu projeto de união civil a pedido de outro senador, Marcelo Crivella(PRB), bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), que concorreu ao governo no primeiro turno.

O texto fora alvo de campanha apócrifa. Na porta de um encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição pelo PT, com pastores, promovido por Crivella em Santa Cruz, desconhecidos seguravam faixas, que diziam: ‘Você é a favor do casamento gay? Sérgio Cabral é. E fez até lei pra isso (PEC 70/2003).’

No primeiro turno, a então candidata ao Senado pelo PC do B, deputada Jandira Feghali, entrou na Justiça Eleitoral contra a Igreja Católica, porque panfletos apócrifos, acusando-a de ser a favor do aborto, eram distribuídos a fiéis, perto dos templos. Perdeu a eleição para Francisco Dornelles (PP).

Fonte: Estadão

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