Bandeira da Nicarágua ao lado da Catedral Velha em Managuá, capital do país. (Foto: canva)
Bandeira da Nicarágua ao lado da Catedral Velha em Managuá, capital do país. (Foto: canva)

Os cristãos evangélicos na Nicarágua estão sofrendo “assédio e intimidação” em todo o país, afirma Closing of civic space, um relatório realizado pelo grupo de direitos humanos Never Again.

Das mais de 3.500 ONG fechadas pelo governo de Daniel Ortega nos últimos dois anos, 342 são organizações religiosas. Entre estas, pelo menos 256 eram associações evangélicas, 43 católicas, e outras 43 faziam parte de outros grupos religiosos.

A maior parte das associações evangélicas, 183, foi encerrada só no ano de 2022.

“Perseguição silenciosa”

A advogada Wendy Flores, coordenadora do grupo de direitos humanos, disse que “na Nicarágua a igreja é perseguida”, mas há uma “perseguição mais silenciosa” aos evangélicos, porque parte da liderança evangélica ainda apoia o governo enquanto muitos outros evitam denunciar as injustiças do regime de Ortega por medo de represálias.

“O governo fechou gradualmente as associações evangélicas, retirou-lhes as licenças para existirem legalmente no país e para receberem fundos do estrangeiro”, bem como “encerrou as suas contas bancárias e confiscou os seus bens”, acrescentou Flores.

No entanto, apesar do assédio e da perseguição, a atividade religiosa desses grupos ainda continua e os cultos ainda são realizados em várias cidades do país.

A grande maioria da população da Nicarágua se identifica como cristã. Segundo dados recentes, 45% dos nicaraguenses afirmam ser evangélicos (com maiores raízes no interior do país e nas zonas rurais), enquanto uma percentagem semelhante se identifica como católica.

Católicos presos e expulsos

Desde que a crise sociopolítica começou na Nicarágua em 2018, vários bispos católicos questionaram o governo e um deles, monsenhor Rolando Álvarez, está atualmente preso, cumprindo uma pena de 26 anos por “traição”.

Segundo a Never Again (que tem sede na Costa Rica) entre 2019 e 2023 a Igreja Católica sofreu 1.200 casos de agressão.

Neste período, dezenas de freiras e padres foram expulsos do país e 12 padres foram presos e condenados a penas de 8 a 30 anos de prisão.

Intolerância religiosa no país

Em fevereiro deste ano, o governo expulsou 222 opositores políticos que considerou “traidores do país”, e em outubro libertou e enviou ao Vaticano 12 padres católicos que enfrentavam processos judiciais.

A missão Portas Abertas informou que os cristãos da Nicarágua enfrentam perseguição do governo, partidos políticos, grupos paramilitares. Além disso, sofrem pressão ideológica.

O aumento da hostilidade contra os crentes colocou o país da América Latina em 50º lugar na Lista Mundial da Perseguição 2023.

Segundo a missão, os cristãos, que se posicionam contra injustiça e violações dos direitos humanos cometidas pelo governo, se tornam inimigos do Estado e passam a sofrer intimidação, assédio, monitoramento, prisões e ataques.

Folha Gospel com informações de Evangelical Focus

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