O jornalista Douglas Tavolaro, 31, diretor nacional de jornalismo da Record, é o autor do livro “O Bispo – a história revelada de Edir Macedo”. Poucos na emissora conhecem tão bem o fundador da Igreja Universal e dono da Record como Tavolaro.
Nesta entrevista para o Portal Imprensa, ele fala sobre os bastidores do livro e da emissora.
IMPRENSA – Por que Edir Macedo ficou tanto tempo em silêncio?
Douglas Tavolaro – A história do Edir Macedo é diferente dos demais empresários de comunicação do país pelo fato dele ser, também, um líder religioso. Por isso, foi vítima de uma execração pública. Foi vilipendiado pela imprensa nos últimos 15 anos. Foi por esse motivo que ele decidiu ficar em silêncio por tanto tempo. Os outros empresários de comunicação, que construíram uma história importante nos veículos que administram, sempre apareceram bem nas entrevistas. Em linhas gerais, ele se considera uma pessoa injustiçada. O Bispo achou que era o momento das pessoas, dos brasileiros em geral, evangélicos ou não, conhecerem sua versão.
Como era sua rotina durante a produção do livro?
Eu fiz, durante 14 meses, várias viagens de 4, 5 dias. Nos últimos meses, no fechamento do livro, eu me ausentei da Record durante quase 30 dias e fui para o interior de São Paulo escrever.
Quando conheceu o Bispo pessoalmente, qual foi sua primeira impressão?
Foi muito boa. Ele surpreende pela simplicidade. É uma pessoa muito objetiva, direta, clara, que fala as coisas que pensa sem rodeios ou papas na língua. Edir Macedo foi um divisor de águas na história pentecostal brasileira.
O Bispo leu o livro antes de ir para a gráfica?
Não. Foi um trabalho feito na base da confiança. Ele nunca fez censura ao livro. O Bispo falou: “Douglas, eu não quero um livro chapa branca. Não quero que faça bajulação”. Ele falou sobre o vídeo do youtube, sobre dízimo, igreja católica, Rede Globo, sexo, drogas, até sobre a primeira relação sexual. Minha preocupação foi falar de um líder religioso, que é meu patrão, sem agredi-lo. E, ao mesmo tempo, sem deixar de perguntar o que todo mundo que saber. Foi nesse fio da navalha que nós caminhamos. No capítulo “Dia na Igreja”, eu pergunto sobre a exploração de miseráveis.
Ele se irritou em algum momento com você?
Ele é muito tranqüilo, sossegado, calmo, paciente. Uma pessoa muito bacana, de temperamento tranqüilo.
Você é católico?
Eu sou cristão.
É lenda ou verdade que todos os funcionários da Record são da Igreja Universal?
Olha, o que funciona é o resultado. Eu não pergunto se a pessoa é evangélica, católica, mulçumana quando vem trabalhar na Record.
O Bispo Edir Macedo é uma celebridade?
Embora rejeite radicalmente esse rótulo, ele é muito conhecido hoje.
A figura do Bispo sofre resistência em outros países?
Nos países tradicionalmente católicos, como Espanha e Portugal, há resistência. Mas nos países com tradição protestante, como os Estados Unidos, a Igreja é muito respeitada.
Que tipo de resistência?
Noticiário preconceituoso, com ataques à Igreja e à figura do Edir Macedo.
O episódio do chute foi, no Brasil, emblemático na relação da Universal com a mídia?
Você assistiu “Decadência”? Tem uma imagem em que a atriz da Globo joga o sutiã na Bíblia e a empurra com o braço. É, no mínimo, tão grave quanto o chute na santa. E ninguém disse nada.
Cadê o pastor que chutou a santa?
Ele foi afastado da Igreja e recebe apoio espiritual. Mas já não está mais no quadro de pregadores.
O Bispo é uma pessoa magoada com a Rede Globo?
Não é magoa. Ele não tem mágoas das pessoas. O que tem é um sentimento de ter sido vítima de injustiça. Isso ele carrega com ele. E esse sentimento se volta não contra a família Marinho, mas contra as autoridades católicas e instituições, como a Rede Globo, que o injustiçaram.
Mudando de assunto. De quem foi a idéia do Record News?
A idéia foi do vice-presidente, Marcos Pereira. Foi um drible empresarial na concorrência. Foi o grande salto, o grande lançamento do ano na televisão brasileira.
Fonte: Portal Imprensa