Circular nas redes sociais postagens com imagens de suposta invasão de militantes de esquerda ao templo da Paróquia da Paz da Igreja Evangélica de Confissão Luterana (IECLB), em Joinville (SC).
Sites evangélicos publicaram matérias sobre a suposta invasão, com as imagens acusatórias ao Partido dos Trabalhadores (PT) e à Central Única dos Trabalhadores (CUT), com base em postagens em mídias sociais, incluindo menção ao Instagram da igreja, sem apuração.
As informações são do Coletivo Bereia, que verifica a veracidade de notícias de conteúdo religioso.
Outros sites divulgaram a falsa notícia com títulos como: “Militantes de extrema esquerda invadem igreja em Santa Catarina”, “Esquerdistas invadem igreja em Joinville (SC)”.
Estas notícias, que estão repercutindo nas redes sociais e no WhatsApp, com discursos de campanha eleitoral antipetistas, antiesquerda e pró-candidatura do presidente Jair Bolsonaro, dizem que os militantes invadiram a paróquia, interromperam o culto e tocaram o sino da igreja.
De acordo com o Coletivo Bereia, o presidente (leigo conforme a organização da IECLB) Álvaro Kleper Filho explicou que a Igreja da Paz e o Instituto Educacional Luterano de Santa Catarina (Faculdades IELUSC) dividem o mesmo espaço, um pátio. Ele conta que houve um protesto de alunos do curso de Jornalismo contra a demissão de uma professora com o apoio de outros grupos da cidade.
A manifestação ocorreu no horário das aulas, mesmo momento em que acontecia um culto na igreja. Os discursos por megafone, segundo o presidente da paróquia, de fato, atrapalharam o culto que ocorria e, depois, a saída das pessoas ao término, mas diz que não houve qualquer tipo de invasão à área interna da igreja. As imagens em que aparecem pessoas dentro de um espaço, de acordo com Álvaro Kleper Filho, não são da igreja mas das faculdades, do IELUSC.
O IELUSC, instituição de ensino superior com dez cursos de graduação, mais oito de especialização e um mestrado, é parte da Associação Educacional Luterana Bom Jesus IELUSC, em Joinville, à qual está integrado o Colégio Bonja. O culto na Igreja da Paz, ao lado da instituição, estava sendo dirigido pela pastora Camila Faber Kerber.
“Não entraram na Igreja. Apenas ficaram do lado de fora durante o culto com megafone, apitos, algazarra. A Pastora Camila conduziu o culto até o fim, mas de fato terminou com 15 minutos, pois as pessoas ficaram apreensivas. Entraram sim, na Deutscheschulle [termo usado na tradição alemã luterana para “escola alemã~] e obstruiram a saída das pessoas que estavam no culto no portão principal. Os integrantes do coral não puderam entrar no estacionamento. Essa situação durou uns 20 minutos, até a chegada da Polícia Militar, esta liberou o trânsito. A manifestação foi basicamente contra a demissão de uma docente do Colégio Bom Jesus que se posicionou contra a motociata do presidente em Joinville. A manifestação foi de alunos e de agremiações políticas.”, declarou outro pastor da paróquia, Cleo Martins.
Em nota, a Paróquia da Paz afirmou que não houve invasão.
“Ao contrário do que vem sendo reportado, especialmente nas redes sociais, a paróquia informa que não houve invasão de nenhum espaço da Igreja da Paz, antes ou durante o ato estudantil e que os sinos foram acionados como de costume, no ao da Oração do pai Nosso.”, diz trecho da nota abaixo.
Fonte: Coletivo Bereia