Os efeitos “espirituais” da psilocibina, uma substância contida nos chamados cogumelos sagrados, duram mais de um ano e podem oferecer uma forma de ajudar pacientes com doenças fatais ou dependentes, afirmaram pesquisadores norte-americanos na terça-feira.

Os cientistas disseram também que sua descoberta mostram haver formas seguras de testar drogas psicoativas em voluntários se algumas diretrizes forem seguidas.

Em 2006, Roland Griffiths, da Universidade Johns Hopkins em Baltimore (Maryland), e colegas dele deram psilocibina para 36 voluntários e pediram que contassem como se sentiram.

A maior parte deles relatou uma experiência “mística” ou “espiritual” que consideravam positiva. Mais de um ano depois, a maior parte ainda dizia que a experiência havia ampliado seu sentimento de bem-estar e de satisfação com a vida, escreveram Griffiths e seus colegas em um artigo da Journal of Psychopharmacology.

“Essa é uma descoberta realmente incrível”, afirmou o cientista em um comunicado. “É raro ver nas pesquisas com a mente relatos tão positivos e duradouros a respeito de um único evento ocorrido em laboratório.”

A pesquisa pode oferecer formas de ajudar a tratar pessoas extremamente ansiosas ou deprimidas, ou pessoas viciadas em algo, disse Griffiths, cujo trabalho foi patrocinado pelo Instituto Nacional de Dependência em Drogas, um órgão dos EUA.

“Isso dá crédito às alegações de que as experiências do tipo mística que pessoas têm durante o consumo de alucinógenos podem ajudar os pacientes atingidos por ansiedade ou depressão ligadas a casos de câncer e podem servir como um eficiente tratamento para os dependentes de narcóticos”, afirmou o cientista.

Apesar de a psilocibina ser ilegal, muitos Estados norte-americanos e alguns países fazem vista grossa para o fato de ser usada por indígenas em cerimônias religiosas.

A supervisão durante o uso da droga é algo fundamental, afirmaram os pesquisadores, acrescentando que os alucinógenos não devem ser fornecidos para pessoas predispostas à psicose ou a problemas mentais graves.

Segundo Griffiths, no entanto, mesmo os pacientes que disseram ter sentido medo após a ingestão da droga não relataram qualquer efeito negativo permanente um ano depois.

Dos 36 voluntários que consumiram a psilocibina, 22 tiveram uma experiência mística “completa”. “E mesmo depois de passados 14 meses, 58 por cento dos 36 voluntários continuavam vendo na experiência com a psilocibina uma das cinco mais pessoalmente significativas de suas vidas ao passo que 67 por cento a colocavam entre as cinco espiritualmente mais significativas de suas vidas”, disseram os cientistas.

Fonte: Reuters

Comentários