Jornal El País traça o perfil político e religioso de Marina Silva, a mais provável sucessora de Eduardo Campos, morto em um trágico acidente aéreo
Fora do Brasil é possível que as pessoas possam se chocar com o fato de uma candidata a presidência pertencer a uma igreja evangélica, mas no Brasil não, por se tratar de um país com forte misticismo e religião, onde há pouco espaço para o agnosticismo militante. É o que relata uma matéria do Jornal El País de hoje, que traça o perfil político e religioso de Marina Silva, a mais provável sucessora de Eduardo Campos, morto em um trágico acidente aéreo.
A matéria relata que a ambientalista, que hoje tem mais votos entre os intelectuais e a classe média, assusta mais por sua intransigência política do que por sua religião. Ao unir-se a Eduardo Campos, juntos defendiam uma terceira via que visa acabar com os 20 anos de polarização política existente no Brasil, entre o PT e PSDB.
Com a trágica morte de Eduardo Campos, Marina ficou órfã de um seus impulsionadores, e se baseavam na busca para fazer uma política diferente, sem corrupção, com um projeto de desenvolvimento econômico sustentável para o fazer o país crescer, mas sempre enfatizando a proteção ao meio ambiente, e uma política que contemplasse as demandas das manifestações em massa ocorridas no ano de 2013.
Os dois candidatos, tanto Campos como Marina, têm fortes convicções religiosas, Campos e toda a família eram católicos praticantes, e Marina uma evangélica, que não era fanática, e já havia militado entre os católicos. Ambos, aliás, não tinha manchas de corrupção em seus currículos.
A matéria diz ainda que no Brasil, que é um país onde existe separação entre a Igreja e Estado, as crenças de políticos não assustam, e ainda rendem votos. Por isso o fato de os políticos não desprezarem a classe religiosa, e até buscam com carinho os votos tanto de católicos como de evangélicos. O Ex-presidente Lula, declarou certa vez que nunca teria sido eleito sem os votos dos católicos.
A atual Presidenta, Dilma Rousseff, que se declara católica não praticante, afirmou que recorre a “Nossa Senhora” em momentos difíceis. Recentemente ela participou de um encontro com 5.000 pastores. Dilma pediu que os Pastores a “abençoassem”, e chegou a declarar, citando a bíblia, que ‘Feliz é a nação cujo Deus é o senhor”. A Presidenta também esteve presente, há algumas semanas em São Paulo, na inauguração do Templo de Salomão, ela e milhares de outros políticos candidatos à eleição. Marina Silva, que é evangélica não compareceu a cerimônia.
Nas eleições de 2010, onde Dilma ganhou a eleição, ela conseguiu reunir todas as denominações religiosas do país, e fez um documento, se comprometendo a não legislar sobre o aborto. Ganhou as eleições e foi fiel a promessa que fez.
A matéria é finalizada dizendo que mais que uma evangélica militante, as pessoas que conhecem Marina Silva de perto, dizem a ambientalista é uma mulher de fé empenhada, e isso não só nas questões ambientais, como também nas justiças sociais. Certa vez em uma entrevista, quando ainda era Ministra do Meio Ambiente do governo Lula, Marina disse que os políticos não estão interessados em projetos de longo prazo, mas sim nos projetos de curto prazo, que lhe rendem benefícios a reeleição. Tão mais forte do que sua fé é a capacidade que Marina tem de abrir caminhos na política, quando se parece com Lula, dizem, com que militou por 30 anos antes de deixar o PT.
[b]Fonte: Jornal do Brasil[/b]