A menos de duas semanas das eleições parlamentares americanas, republicanos e democratas têm opiniões divergentes sobre valores familiares, mas o interesse do eleitorado neste assunto parece ter diminuído.
Os republicanos estimam que a defesa desses valores, como a proibição de abortos e a promoção do casamento entre um homem e uma mulher, foi a chave de vitória de 2004.
Mas hoje, segundo as pesquisas realizadas em outubro pelo USA Today/Gallup e a CNN, esses valores passaram para a sexta posição, atrás da guerra no Iraque, da guerra contra o terrorismo e da economia.
Para os republicanos, sobretudo em Columbus, no estado de Ohio, este aspecto da campanha eleitoral foi fortemente afetado pelo escândalo sexual que envolveu um deputado do Congresso, Mark Foley, acusado de assediar os adolescentes que trabalham na casa.
Os republicanos, no entanto, continuam fiéis às suas convicções.
Os valores familiares permanecem como “um elemento chave” do debate político, assegura Josh Holmes, um porta-voz do partido republicano. “Enquanto as pessoas quiserem ver seus valores defendidos por seus dirigentes, os familiares continuarão sendo importantes”, assegura ele.
Para Paul Beck, um professor de ciência política da Universidade do Estado de Ohio, “os republicanos perderam no terreno dos valores familiares” e o escândalo no Congresso impede “que monopolizem esse domínio”.
Ainda que as conseqüências deste escândalo sejam difíceis de antecipar, Beck estima que elas “poderiam ser consideráveis”.
Para não deixar os republicanos monopolizarem esta bandeira, os democratas expandiram a definição dos valores familiares para incluir saúde pública, salários decentes e bom ensino.
“As pessoas lutam contra impostos cada vez mais altos e o custo cada vez mais elevado dos estudos e da gasolina, então os valores familiares incluem tudo que precisam fazer para sustentar sua família”, sublinha um porta-voz do partido democrata, Luis Miranda.
Os escândalos mostram que as pessoas no poder em Washington estavam mais preocupadas com seus próprios interesses, estima ele. Por isso, a defesa dos valores familiares é atualmente difícil para os republicanos.
Um dos republicanos mais ameaçados pelo escândalo Foley é Deborah Pryce, uma alta representante no Congresso. Ela descreveu Foley como um amigo antes do escândalo.
Em Columbus, os auto-adesivos e cartazes são mais numerosos para a democrata Mary Jo Kilroy do que para Deborah Pryce.
Em 2004, o Estado de Ohio teve um papel importante na eleição de George W. Bush e a proibição do casamento entre pessoas do mesmo sexo esteve no centro da campanha eleitoral dos conservadores.
Esta questão permanece uma prioridade para alguns eleitores, sobretudo no sul e no centro dos Estados Unidos, onde os conservadores religiosos controlam o partido republicano, segundo Paul Beck.
Este é o caso de Alex Sawyer, um garçon de Worthington, no subúrbio de Columbus, que afirma: “Um casamento é algo entre um homem e uma mulher… sei o que minha Bíblia diz”.
Fonte: AFP