O presidente emérito da Pontifícia Academia Pro Vita, centro de estudos do Vaticano, o arcebispo italiano dom Elio Sgreccia, disse anteontem, na abertura do congresso internacional promovido pela Igreja Católica “Cultura da Vida e Cultura da Morte”, que “forças e organizações internacionais” tentam introduzir “leis contra a vida humana” em países da América Latina, como o Brasil.
Realizado pela primeira vez fora de Roma (Itália), no mosteiro de Itaici, em Indaiatuba (102 km de SP), o congresso tem parceria da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e veio para o Brasil por sugestão do padre Aníbal Gil Lopes, que é médico e um dos três brasileiros membros da Academia do Vaticano.
“Há uma razão para este congresso ser realizado no Brasil. Recentemente, na América Latina, forças dos EUA e certas organizações tentam introduzir leis favoráveis ao aborto, eutanásia e saúde reprodutiva”, disse dom Elio, é ex-secretário do Pontifício Conselho para a Família, do Vaticano.
“[O congresso internacional] É um ponto de reflexão para evitar que o povo seja enganado com a implantação destas leis contra a vida humana”, disse Sgreccia, que também é arcebispo de Zama Minori (Itália) e professor de bioética.
Em maio deste ano, o STF (Supremo Tribunal Federal) aprovou a continuidade das pesquisas com células-tronco embrionárias no país.
O congresso, que teve abertura ontem à tarde e reuniu a cúpula da CNBB, acontece até a próxima sexta-feira e reúne ao menos 350 pessoas, emtre religiosos, teólogos, pesquisadores e médicos, entre outros.
“O congresso abordará os principais temas da bioética, como os fundamentos antropológicos da bioética, o estatuto do embrião humano, eutanásia, anencefalia, família e educação para uma vivência sadia da afetividade e da sexualidade”, disse o secretário-geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa.
O presidente da CNBB, dom Geraldo Lyrio Rocha, reforçou que a Igreja Católica se manifesta contra o aborto, eutanásia e uso de células-tronco embrionárias. “A igreja defende a vida desde o primeiro instante até o seu término natural. A defesa da igreja se fundamenta sobretudo a partir de razões éticas, e não apenas religiosas”, disse.
Questionado pela reportagem sobre o posicionamento da igreja para o uso de preservativos em casos como o de prostitutas, por exemplo, dom Geraldo declarou que a igreja analisa o caso “no conjunto do tema, e não a partir de exceções”.
“A igreja vê com preocupação as campanhas para o uso de preservativos, como estímulo a uma prática sexual indevida”
Fonte: Folha Online