A crise econômica chegou à Igreja Católica. O bispo de Jales (SP) e presidente da Cáritas Brasileira, ONG ligada à igreja, dom Luiz Demétrio Valentini, disse que diversas organizações internacionais que costumavam doar para a instituição já informaram que vão reduzir ou vão parar de doar.

Sem citar o quanto a igreja recebe hoje e qual a expectativa de perda, dom Demétrio avalia que, a partir de agora, terão de contar ainda mais com fontes de receitas próprias, como as doações de fiéis e campanhas específicas, que englobam dioceses de todo o país.

“Graças a Deus não dependemos tanto das doações internacionais. Estamos numa situação relativamente tranquila, em que determinadas comunidades podem se autofinanciar. É claro que isso ainda não acontece com todas”, disse o bispo nesta quarta-feira, primeiro dia da 47ª Assembleia Geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), em Indaiatuba (a 102 km de SP).

Segundo dom Demétrio, essas instituições estão preferindo beneficiar regiões mais pobres que o Brasil, como países da África e da Europa Oriental.

O assunto crise foi debatido em boa parte do encontro de ontem. Pela manhã, na abertura do evento, o arcebispo de Manaus (AM) e vice-presidente da CNBB, dom Luiz Soares Vieira, afirmou que uma série de problemas assola o Brasil, entre eles a crise financeira.

“Há um grande cardume de problemas, especialmente os efeitos da crise financeira e econômica, a corrupção e a violência, que aguardam a solicitude missionária da igreja para serem assumidos à luz da Ressurreição, e transformados em caminho de vida nova para todos”.

À tarde, os 330 bispos reunidos no mosteiro de Itaici debateram a conjuntura econômica e política brasileira. Em documento não oficial, um grupo de técnicos da CNBB fez uma crítica ao sistema financeiro e comparou os fóruns Econômico, realizado em Davos (Suíça), e Social, em Belém.

“Enquanto em Belém do Pará cresce a consciência planetária e consolida-se a rede solidária mundial a partir do Sul, os ‘global players’ do capitalismo reunidos em Davos pedem socorro ao Estado.”

No texto, há citações sobre os escândalos do Congresso. Esse documento não foi votado pelos bispos, mas parte dele pode ser inserida na carta oficial da Assembleia Geral da CNBB que deve ser redigida no último dia do encontro, em 1º de maio.

O tema central do evento é “Formação presbiteral: desafios e diretrizes”. Os bispos discutem também a iniciação à vida cristã e a missão do Brasil no continente americano.

Fonte: Folha Online

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