Como Daniela Araújo diz em “Sonhadora”, sua nova canção, ela continua sendo “aquela pessoa sonhadora, meio criança, meio boba imaginando coisas boas por aí”.
A cantora recebeu a equipe do site Pleno.News na sede de sua gravadora, no Rio de Janeiro, para contar sobre seu próximo projeto musical – o aguardado CD Catarse.
Ela também aproveitou a oportunidade para falar do período conturbado que enfrentou em 2017, quando áudios revelando que ela usava drogas caíram na internet. Dani, como é chamada por amigos e admiradores, não se esquivou de nenhum assunto e falou abertamente sobre seu processo de cura e restauração.
A artista também revelou coisas mais pessoais, como os livros que anda lendo e como foi se reencontrar depois de um período longe dos palcos. Ela também não se esquivou quando o assunto foi o ex-marido Leonardo Gonçalves.
Confira a entrevista abaixo:
Você está retomando a sua carreira após um 2017 conturbado. Como você define o seu 2018?
O meu 2018 foi um ano pessoal para poder me recompor como ser humano. Eu foquei na minha vida longe dos holofotes. Eu canto desde criança e sempre estive dentro da atmosfera de viajar, cantar, estar envolvida com a igreja. Então, eu me dei esse presente e acho que Deus também queria que eu cuidasse de mim, que eu tivesse uma vida mais normal e compreendesse algumas coisas que eu não tinha tido a oportunidade de compreender. Foi um ano de muitos aprendizados, coisas simples. Como, por exemplo, ficar tranquila com a minha família, sem tanta cobrança e pressão. Também foi o ano em que eu ouvi mais as pessoas, tive o privilégio de ter um pastor comigo, conheci a outra face da igreja e células que eu vou hoje. Resumidamente, foi um ano em que pude cuidar de mim, aprender com calma e viver normalmente.
O que é esse “viver normalmente”?
Eu nunca tinha ficado sem viajar para cantar. Estava muito cansada e nem sabia disso. Tive tempo para poder fazer cursos, fiz aula de espanhol, pude brincar no parquinho com os meus sobrinhos, pude ver meu pai plantando na terra, fiquei mais com meus irmãos, fui ao cinema, voltei a ler. Li um livro muito bom que é A Arte de Influenciar as Pessoas (John C. Maxwell) e estou lendo de novo O Evangelho Maltrapilho (Brennan Manning). Também assisti a Nasce uma Estrela e o filme do Freddie Mercury. Assisti a várias séries como Breaking Bad e Bates Motel. Voltei para a academia. E uma coisa que fiz muito foi comer comida japonesa. Acho que foi um resgate de quem eu sempre fui e sou na minha essência. Eu pude me redescobrir. Quando a vida cobra de nós um recomeço, o mais difícil é a pessoa encontrar quem ela é. Muitas pessoas se perdem nesse recomeço e não conseguem retomar a própria vida. Eu sinto que Deus me deu essa oportunidade de poder ter tempo para escolher o que eu realmente quero me tornar a partir de então.
Então, quem é essa Daniela Araújo que você encontrou?
Eu acho que continuo uma pessoa cheia de sonhos, com muita vontade de fazer algumas coisas acontecerem. Continuo compondo, sou uma pessoa simples. Sempre fui isso, eu só me esqueci por um período.
Como nasceu a música Ruídos?
A Ruídos foi o clamor da minha alma até por causa de tudo que aconteceu. Era muito importante que as pessoas conhecessem esse lado da história. Então, Ruídos representa o começo de um processo que todos nós passamos. Quando a gente está desesperado e não sabe o que fazer, a gente pede socorro de Deus e é uma música muito simples e de fácil entendimento. É o start da minha transformação e foi quando tudo começou a mudar para mim dentro dessa ótica de que eu realmente precisava muito de Deus. Narra a história de onde ela realmente começou. Eu compus essa música no dia que foram gravados os áudios vazados. Estava super atordoada e escrevi essa música no carro. Estava muito perdida e precisava que Deus me desse um acalento pelo menos naquele momento. Sei que muitas pessoas que ouvem essa música passam por esse momento. A maioria dos testemunhos é sempre assim. Ela é o grito da alma de muitas pessoas.
E Sonhadora?
Eu fiz quando estava morando no Rio de Janeiro. Eu sempre me vi uma pessoa aberta sem muitos preconceitos, porém eu vi que era tão preconceituosa quanto as outras pessoas. Eu descobri que eu era uma pessoa muita fechada e quando eu precisei, me vi sozinha e sem poder dividir com as pessoas. A gente se fecha nas nossas verdades e nessa música senti uma saudade tão grande de amigos de infância e pessoas que me acompanharam e se afastaram por causa da religião. Isso me trouxe uma tristeza e uma saudade porque o que nos une é muito maior do que o que nos separa. O ser humano sem querer é sempre autodestrutivo. A música Sonhadora é uma reflexão para que a gente se una pela nossa essência e fiquemos firmes seguindo nossos sonhos e aquilo que nos move. A vida é cansativa, mas, os sonhos que nos movem, dão um ânimo para continuar.
O clipe de Sonhadora tem um enterro simbólico. Como foi gravar essa cena?
Foi muito rápido, em questão de três segundos. Eles foram filmando e, quando acabou de enterrar, eles me arrancaram e cortou a cena. Era para ser um clipe pesado, mas ficou leve. Em relação a mensagem, foi um processo meu, estou tirando coisas de dentro de mim e enterrando. É um processo de cura. É algo bem pessoal e tenho recebido muitos testemunhos maravilhosos com esse clipe. O que mais desejo é que as pessoas deixem o passado para trás porque o passado já foi, o futuro ainda não é, a gente tem o hoje. Nossa mente tem que estar focada no hoje senão a gente se perde. Deus é o Senhor do tempo, então, a gente tem que entender que o que temos é o agora e tentarmos ser feliz hoje.
E quanto ao Catarse: quando o álbum será lançado e qual a mensagem central do trabalho?
Estamos acompanhando o mercado e, ao invés de lançar o CD em dezembro, vamos lançar mais dois singles. O próximo se chama Purificação. Já a mensagem central do projeto é essa catarse que o ser humano é obrigado a passar em algum momento da vida. É uma transformação de vida. É o ressurgir das cinzas. É o ter uma segunda chance. É passar por um processo de morte e conseguir superar. As pessoas vão ouvir esse CD e se identificar com as situações que eu passo. Algumas músicas são totalmente cristocêntricas e outras são totalmente pessoais. Uma dualidade do ser humano com raiva/querendo consolo de Deus, feliz/triste. Nenhuma música é meio termo, elas têm uma mensagem muito clara.
Com a febre do streaming você pensa em apresentar a Turma do Barulho ao seu público?
Vou conversar com o Jorginho (irmão e produtor) para gente liberar as coisas da Turma do Barulho lá. Boa ideia.
Você produziu uma turma nova como Gabriela Rocha, Priscilla Alcantara, Bekah Costa, Jotta A e Débora Cavalcante. Como é ser referência musical para artistas mais jovens?
Eu costumo falar que sou mais produtora do que cantora. Acredito muito no fortalecimento do movimento porque a gente não consegue nada sozinho. Se eu tenho pessoas que acredito e fortaleço, essas pessoas vão me fortalecer também. Essa é minha mentalidade porque temos o mesmo objetivo que é falar de Deus e fazer com que a música gospel chegue cada vez mais longe. Quero que esse mercado cresça com mais força e que os cantores tenham essa consciência. Deixem o ego e o estrelismo para que a gente comece a aprender até com os artistas seculares, que são muito unidos, se ajudam e criam padrões. Estou muito feliz que o mercado está caminhando com as próprias pernas.
A Daniela Araújo tem um pastor e frequenta uma igreja?
Claro! O pastor que me acompanha é o apóstolo Nathanael Brito, um dos pastores da Estância Paraíso. Ele é sensacional, ele sabe da minha vida e Deus me conduziu a ele. Eu frequento uma célula.
Depois de um divórcio com o Leonardo Gonçalves e um namoro conturbado com o Victor Romanini (responsável por vazar os áudios comprometedores) você sonha em refazer sua vida amorosa?
Claro! Nesse momento estou focando em outras coisas, prefiro ficar bem e inteira e depois a gente pensa nisso. Está nas mãos de Deus, mas você acha que eu não quero? Casar, ter uma família, mas é tudo no tempo de Deus. Deixa Ele cuidar que é melhor.
Como você recebeu a notícia do casamento do Leonardo?
Eu já sabia porque a gente tem amigos em comum. Até desconfiava com quem ele estava namorando. Eu quero que o Léo seja feliz. Não quero que nem ele nem eu fiquemos presos numa coisa que já se resolveu há três anos. Achei muito importante o casamento pelo fato de ele ser de uma igreja tradicional. Conheço e tenho muito respeito pela Igreja Adventista. Sei como são essas coisas para eles e acho que o casamento do Léo trouxe muitas discussões relevantes. Acho que todo mundo merece ser feliz e, sinceramente, fico feliz em ter feito parte dessa grande reflexão que foi trazida não só para o meio adventista, mas também para o gospel. As pessoas precisam entender que, muitas vezes a gente se casa e não dá certo. A gente não pode se culpar em ser ser humano. O que tem que ficar na cabeça das pessoas, já que nosso casamento foi público, são os frutos. Tenho muita alegria em ter feito tudo o que eu fiz com o Léo e de tudo o que ele fez para mim musicalmente. Isso não vai se acabar e fiquei feliz porque ele casou primeiro que eu. A gente não se fala muito, mas nos falamos. A vida segue. Peço que orem por mim para que Deus cumpra Seus propósitos também na minha vida.
Muito se falou sobre sua entrevista ao programa Promessas. Você acha que era o momento certo de voltar?
As pessoas estão acompanhando o meu processo, então, se eu estava lançando uma música que as pessoas estavam querendo tanto e eu estava pronta para apresentar, por que não dar uma entrevista? Mas foi ao vivo e as coisas saem do nosso controle. Sinceramente achei importante para as pessoas verem meu processo e entenderem que não sou um robô. Eu tenho um ritmo e não quis fingir que estava tudo bem. Fiquei nervosa e o meu interesse hoje é que as pessoas vejam a Dani verdadeira. Não vou ficar me escondendo e fingindo. Acho que foi muito mais genuíno. Se foi ou não o momento, eu acho que tudo está interligado com o processo que estou passando e a música é muito importante nisso. Não tem como você tirar isso do processo, a gente tem que encarar tudo e uma hora eu ia começar.
Que presente você espera para o próximo ano?
Muita paz. O que o ser humano mais almeja na vida é paz. Eu busco isso todos os dias na minha mente e no meu coração. Se a gente tem tudo e não tem paz, a gente não tem nada. Eu quero paz para mim e para as pessoas. Quero, no ano de 2019, que a gente tenha muita música para compartilhar e que muita coisa boa aconteça. Não tenho nada para pedir, estou muito grata. Este ano foi um milagre de Deus, um presente.
Fonte: Pleno.News