Crucifixo com a bandeira da Espanha (Foto: Domínio Público)
Crucifixo com a bandeira da Espanha (Foto: Domínio Público)

Os deputados espanhóis aprovaram hoje a criação de uma comissão independente de especialistas para realizar, pela primeira vez no país, uma investigação oficial sobre casos de pedofilia dentro da Igreja Católica. Há muito tempo a instituição é acusada pelos espanhóis de ocultar esse assunto.

A iniciativa, defendida pelo Partido Socialista no governo, de Pedro Sánchez, e pelos nacionalistas bascos do PNV, foi apoiada por uma maioria de 286 votos na Câmara, composta por 350 assentos.

Ao contrário do que aconteceu em outros países como Estados Unidos, França, Alemanha, Irlanda ou Austrália, nenhuma investigação aprofundada havia sido aberta até hoje na Espanha sobre denúncias de violência sexual contra menores dentro da Igreja.

De acordo com o texto submetido à votação dos deputados, o defensor público presidirá esta nova comissão que deve incluir especialistas, representantes da administração pública, das vítimas e da própria Igreja.

O grupo vai se concentrar em “investigar as execráveis condutas pessoais cometidas contra meninos e meninas indefesos” com o objetivo de “trazer à luz tanto as pessoas que cometeram os abusos quanto aqueles que os esconderam ou protegeram”, explica a proposta. O relatório final da comissão será enviado ao Parlamento e ao governo “para a adoção das medidas pertinentes”, acrescenta o documento.

Esta investigação será “o início do fim de uma situação vergonhosa”, disse, ao jornal El País, a deputada socialista Carmen Calvo. Na ausência de dados oficiais, o jornal espanhol lançou sua própria investigação, em 2018, através da qual contabilizou 1.246 vítimas, desde a década de 1930.

Auditoria independente

A Igreja Católica espanhola, por sua vez, reconhece apenas 220 casos de pedofilia, desde 2001.

A instituição deu um primeiro passo para elucidar os casos, no final de fevereiro, quando encomendou uma auditoria independente sobre pedofilia a um escritório de advocacia, garantindo que iria “até o fim”. Na época, a Igreja indicou que a investigação da empresa de auditoria pode complementar qualquer iniciativa investigativa do Estado.

Fonte: UOL

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